quinta-feira, março 24, 2005

D. Duarte, rei e filósofo (2/3)

4 - O rei e a leitura dos Evangelhos (um mss. alcobacense)


Itinerário de D. Duarte, em 1434 (apud H. Baquero Moreno, 1976), período em que o monarca esteve, durante algum tempo, em Alcobaça, em cujo scriptorium foi redigido o ms. De que guisa de deve leer per os livros dos avangellos.

Trata-se da redacção manuscrita do texto - autónomo - do capítulo 94 do Leal Conselheiro. Na edição crítica deste importante livro do Eloquente tal capítulo figura com a (precisa) designação De que guisa se deve leer per os livros dos avangelhos.

Pela leitura do texto em questão - apresentado, adiante, como DOCUMENTO ANEXO - somos levados à formação de seis tipos de reflexão dominantes (uma para cada um dos respectivos parágrafos):

I. O estudioso deve atender à necessidade de uma moderação da leitura para uma melhor compreensão dos textos.

II. Para um saber bem estruturado nenhum intelectual, habituado aos seus regulares hábitos de leitura, se deve eximir de consultar pessoas "de bem e grande saber".

III. Pela leitura encontram-se, por vezes, algumas máximas que nos dão a sensação de já as ter lido. Se elas, porém, derem prazer ao leitor este deve prosseguir na sua releitura e no aprofundamento do seu conteúdo.

IV. O prazer da leitura - para além da aprendizagem - pode propiciar a prática de olhar o outro, isto é, de fazer bem por outrem.

V. Para se ler terá de haver liberdade de opção no entendimento daquilo que nos é propiciado pela escrita. Sugere o autor a leitura de livros aprovados, por forma a que este estudioso - se não avisado - não caia em erros que lhe serão prejudiciais, ao nível da sua vida prática e da sua formação (designadamente religiosa).

VI. Quando não resultar clareza na interpretação de um dado texto, por parte do leitor, este deverá assumir uma posição de dúvida sistemática. Só assim se poderão (à semelhança do que sustenta no parágrafo anterior) evitar aspectos pouco claros na interpretação.

Estas seis coordenadas resultantes da leitura do texto de D. Duarte permitem-nos, ainda, duas outras reflexões.

Sabe-se que, por alvará de D. Afonso V, de 18 de Agosto de 1451 - portanto apenas 13 anos depois da morte de D. Duarte - "se declara ter sido acordado em conselho mandar queimar os livros falsos ou heréticos" (17). Já neste seu manuscrito - ou seja, já no Leal Conselheiro - está patente a ideia do monarca no sentido de determinadas leituras perniciosas poderem obstar à formação de uma boa consciência cristã e aos desvios do espírito. Estabelece-se, assim, por via deste extracto, uma primeira regra de conduta que não deixamos de relevar ao nível de uma primitiva História da Leitura, tanto em público como em privado.

Aspecto não menos pertinente diz respeito ao facto de, por meio deste seu texto - como procura de sistematização de uma via de conduta colectiva (por meio dos hábitos de leitura) - D. Duarte preconizar uma atitude de dúvida sistemática. Séculos antes de Francis Bacon, e muito antes de René Descartes assumir - já em pleno século XVII, na sua obra Discours de la Méthode - essa mesma postura científica, já D. Duarte relevava a dúvida para uma melhor (e mais segura) apreensão de conhecimentos.

Importa precisar, por seu lado, que toda a caminhada para o saber assume, neste texto de D. Duarte (objecto aqui da nossa análise), uma vertente vincadamente espiritual. É bem claro o seu autor quando, neste manuscrito - constante como já se disse do códice alcobacence (18) - se cinge, sobremaneira, e fundamentalmente, à problemática da "leitura dos livros dos Evangelhos". À produção deste manuscrito voltaremos, adiante, no ponto 8.

5 - O temor ao divino (uma evocação iconográfica)

Na obra de D. Duarte, LeaIConselheiro - muito mais do que no Livro de Ensinança... - está patente ao leitor, sobretudo, o escritor cristão, o pensador crente, que se apresenta numa clara faceta de temor para com o divino.

Nessa segunda metade do século XIV - seguindo-se, de alguma forma, os ensinamentos de S. Boaventura - incumbia a todo o cristão o prosseguir num caminho recto, de preparação para a morte. Era essa, afinal, uma caminhada por vezes longa, mas sempre cautelosa.

Em termos de uma Antropologia do Simbólico, dialogar com o divino, por "via de uma prática regular do benfazer, era, de alguma forma, assegurar a posse de um lugar entre os eleitos na vida além-túmulo, na eternidade com Cristo. O reino dos Céus, parafraseando o texto bíblico, conquista-se entre os terrenos.

Neste contexto, o homem (essencialmente da nobreza) ao deixar o mundo terreno desejava deixar patente - por via de uma arte tumular a si associada - aquelas figuras cristãs a quem, em vida, mais associara o seu espírito e os seus testemunhos de fé. Procurava, por outro lado, por uma via indirecta, encontrar forças tutelares do panteão cristão, de forma a que essas o pudessem acompanhar - por via da intercessão - na procura de um lugar no rebanho (simbólico) do Bom Pastor.

Das figuras que viveram "na côrte de D. Duarte - ou directamente dependente desta - há a figura de um nobre da região de Viseu, Fernão Gomes de Góis, que também estaria nessa mesma postura de conquista das forças do panteão celestial, que o acompanhassem no seu derradeiro repouso em Cristo. Tendo falecido poucos meses depois de D. Duarte, ele terá certamente deixado instruções a seus familiares - e estes deram-nas ao artista Joham Afonso - para que fosse edificado um sepulcro (onde se conservassem as suas ossadas) que evocasse as principais forças tutelares do seu apego religioso (19).

É hoje sabido, graças a Vergílio Correia (20), que Joham Afonso, mestre dos sinos, foi quem lavrou esse monumento que hoje se conserva numa pequena (mas rica) igreja localizada em Oliveira do Conde, não muito distante de Carregal do Sal, na região de Viseu. Esse túmulo, adianta aquele mestre da História de Arte portuguesa,

começou-o na era do nascimento de nosso senhor jhu xpo de 1439 anos acabouo na era 40 começado tres dias andados do mes de maio e pos doze meses em lavralo (20).

Observando-se esse túmulo quatrocentista (há pouco o apreciámos), constata-se que ostenta, à cabeceira, o Salvador, "entre os animais simbólicos". Do lado dos pés, apresenta-se, por sua vez, um mensageiro celeste e a Virgem: simbolizam a Anunciação. No frontal o autor esculpiu S. Miguel, arcanjo; Baltazar rei, o moço; Melchior rei, médio; Gaspar rei, velho; Santa Maria; S. João Apóstolo, evangelista; S. Nicolau; S. Sebastião, mártir; Sta. Catarina, virgem; Sta. Bárbara, virgem, cada uma das figuras acompanhada das respectivas legendas em pedra.

Não nos detendo, aqui, sobre o túmulo de D. Duarte, constataremos, no entanto, que como homem de profunda espiritualidade cristã também ele, pela sua obra - material, cultural e espiritual - se patenteia, ainda hoje, como um fervoroso seguidor dos princípios bíblicos.


Túmulo de Fernão Gomes de Góis, começado a edificar em Oliveira do Conde, em 1429 (e concluido em 1440)

Friso de figuras cristãs alegóricas do monumento de Fernão Gomes de Góis, vendo-se, da esquerda para a direita, os três Magos (Baltazar, Melchior e Gaspar) e, ainda, Santa Maria.

6. As práticas de leitura de um aprendiz de filósofo

Norteado por essa espiritualidade cristã - bem como pelos ensinamentos (no âmbito da filosofia de um Humanismo pré-renascentista) que, na Côrte, os seus mestres lhe incutiram - D. Duarte foi um homem dotado de uma vasta e profunda cultura. Ele terá sido guiado, decerto, pela inquietude de todos os aprendizes de filósofo que viveram no seu tempo ou o antecederam.

Já em 1840, no Panorama (21), Alexandre Herculano sublinha:

Só a lista das obras d'el rei D. Duarte espanta pela variedade de materiais em que este rei filósofo empregou a sua pena, nada rude. - Marco Paulo já estava traduzido no seu tempo. O livro da côrte imperial prova que naquela época se tratavam em vulgar as árduas matérias de teologia polémica. Levantavam-se cartas topográficas do reino, se é que os Cadernos das cidades e vilas de Portugal, que existiam na livraria del-rei D. Duarte, não eram antes uma espécie de estatística, o que, em nosso entender, mais admirável fora. Então, Diogo Afonso Mangancha, Fr. Gil Lobo, os dominicanos Fr. Rodrigo e Fr. Fernando d'Arroteia, e tantos outros oradores faziam descer do alto dos púlpitos palavras de eloquência (...) Estudava-se a filosofia e a história, de que dão testemunho os livros filosóficos, e historiadores romanos e modernos da mesma livraria d'el rei D. Duarte (22). Enfim o ensino da jurisprudência, trazido de Itália por João das Regras, produziu uma multidão de jurisperitos, a quem depois Portugal deveu grande parte da legislação, excelente para aquele tempo, que se encontra no código afonsino (23).

Meio século depois destas pertinentes considerações de AJexandre Herculano, Teófilo Braga (24) apresenta-nos o conjunto das obras - códices - que integraram a biblioteca de EI Rei D. Duarte e que poderão ser assim sumariadas:

[1} O Pontifical;
[2} Marco Paulo, latim e linguagem, em 1 volume;
[3} Viatico
[4} As CoUações que escreveu João Rodrigues;
[5} Miracula Sanctorum (Flos Sanctorum);
[ó} Blivia (Biblia);
[7} Breviairo (sic);
[8} CoUações que foram do Arçobispo de Sam Thiago;
[9} Dialectica de Aristóteles;
[10} Dialectica de Avicena;
[11} Valerio Maximo;
[i2} Epistolas de Seneca com outros Tratados;
[13} Regimento de Principes picado de ouro nas tavoas e as cobertoiras
vermelhas;
[14} Pastoral de letra antiga;
[15} Declaraçam sobre as Epistolas de Seneca;
[1ó} Agricultura que foi de João Pereira;
[17} Livro da Quinta Essentia;
[18} Hum livro pequeno que começa:
Si cupis esse memor;
[19} Outro livro pequeno, que começa: Domino meo illustri potenti
domino comite Nicolao de Petraldo;
[20} Os Cadernos da Confissão que escreveu João Calado;
[21} Livro dos Evangelhos;
[22} Actos dos Apostolos;

[23J Genesy;
[24) Estorial Geral;
[25) O livro de Salomão coberto de bezerro;
[26) Coronica de Espanha;
[27) Coronica de Portugal;
[28) Livro dos Martyres (Agiológio);
[29) Livro de Tristam;
[30) O Amante
[31) Blivia (Bíblia);
[32) Livro da Montaria que compilou o virtuoso Rei Dom João ao qual Deus dê eternal glória;
[33) Merli(m);
[34) Regimento de Príncipes;
[35) Segredos de Aristotiles;
[36) O Livro de Galaaaz;
[37) O Livro da Cetraria por Castellão;
[38) O Livro das Trovas de El-Rei Dom Diniz;
[39) Livro da Corte Enperial;
[40) Livro da Lepra encadernado em purgaminho;
[41) Livro de Logica;
[42) Livro das Pregações;
[43) Livro das Meditações de Santo Agostinho, e das Confissões;
[44) Livro das Meditações de Santo Agostinho, que trasladou o moço da Camara;
[45) Caderno das Comemorações, em letra gros(s)a;
[46) Livro das Oras do Espirito santo encadernado em letra grosa coberto de coiro verde;
[47) Cadernos das cidades e villas de Portugal;
[48) Livro da Virtuosa Benfeitoria;
[49) Livro das Ordenações dos Reis;
[50) Livro dos Officios da Casa de algum rei;
[51) Bartolo com tavoas e coiro verde;
[52) Marco Tullio, o qual tirou em linguagem o Infante D. Pedro;
[53) Livro da Guerra;
[54) O Livro do Conde de Lucanor;
[55) Julio Cesar;
[56) Coronica despanha em cadernos;
[57) Bartolo em cadernos encadernado em purgaminho;

[58) Conquista de Ultramar;
[59) Livro da Cetraria, que foi d'El-rei Dom João;
[60) Orto do Sposo;
[61) Agricultura, que foi d'el-rei Dom João;
[62) Arvore das batalhas;
[63) Marco Tulio;
[64) Livro das Trovas d'EI-Rei Dom Affonso, encadernado em couro, o qual compilou F. de Montemór o novo;
[65) Valerio Maximo em aragoez;
[66) Guerras da Macedonia em papel de marca grande;
[67) O Livro de Romaqueya, em papel;
[68) Capítulos que El-Rei Dom Duarte fez quando em boa hora foi Rei;
[69) Livro de Monteria, por castellão;
[70) Livro de papel velho encadernado em purgaminho que fala dos costumes dos homens e outras cousas;
[71) O Arcypreste de Frysa;
[72) Libro de Anibal por portuguez;
[73) Livro de Monteria;
[74) Um livro das Meditações de Santo Agustinho que treladou o moço da Camara;
[75) Estorya de Troya por aragoez;
[76) Livro de Rumelião;
[77) Livro de Estrologia encadernado e coberto de coiro preto;
[78) Livro de resar d'el-Rei em que está a Confissão geral;
[79) Livro das Trovas de El-Rei;
[80) Livro dos Padres Santos em papel de marca mayor que foi de João Pereira;
[81) Livro da Primeira Partida;
[82) Livro de Martim Pires;
[83) (Outro) Livro de Martim Pires;
[84) Collações de letra pequena;
[85) Livro de cavalgar, que el-rei D. Duarte compilou;
[86) Tratado de Virtud.


Pela descrição destas cerca de nove dezenas de espécies, aqui sumariadas, pode concluir-se - para além de aspectos intrínsecos relacionados com a respectiva autoria e conteúdo - pelo estabelecimento de uma teoria em torno da confecção do livro manuscrito no século XIV em Portugal.

7. Aspectos técnicos da preparação do livro manuscrito no século XIV

Iremos, aqui, cingir a nossa análise a quatro domínios específicos. São eles:

I - qualidades e tipos de papel utilizados em alguns dos códices; II - aspectos da apresentação e organização dos mesmos; III - tipos de letra presentes na escrita; e IV - técnicas e materiais de encadernação.

7.1. Qualidades e tipos de papel

Há espécies em que se utiliza papel velho [esp. 70]. Outras são descritas como tendo sido feitas, apenas, em papel [esp. 67]. Mais surpreendente, a nosso ver, é o caso daquelas espécies em que foi utilizado papel de marca grande e, também, papel de marca maior. (alusão, decerto, ao respectivo formato de cada folha).

Este papel seria, porventura, importado de cidades francesas, espanholas ou italianas. Poder-se-ia, ainda, dar o caso de se tratar de papel importado de alguns dos muitos moinhos localizados no actual espaço de Marrocos, como o de Xativa (25).

7.2. Apresentação dos códices

Os códices apresentar-se-iam, por regra, como sendo de um caderno (grupo de folhas anexadas numa mesma unidade maior ou menor). Dois casos, porém, existem que nos dão a conhecer estarem tais obras organizadas em vários cadernos [esp. 56 e 57]. Enquanto a primeira é uma crónica em cadernos [vários, subentende-se], a segunda apresenta-se-nos como um livro em cadernos encadernados (sic).

7.3. O Tipo de letra

Outro contributo de significativa importância que nos traz a descrição dos livros da Biblioteca de D. Duarte diz respeito ao tipo de letra apresentada.

Uma das obras foi escrita em letra antiga [esp. 14]. Uma outra, porém, já o foi em letra pequena [esp. 84]. Temos, porém, dois casos em que o leitor é informado que a letra com que foram redigidos tais códices é letra gros(s)a [esp. 45 e 46].

Esta referência fará, decerto, com que o investigador da História do Livro recue até esse século XIV e veja como, em um scriptorium como o de A1cobaça, de Santa Cruz de Coimbra ou do Lorvão, um determinado calígrafo compendiava ou recriava os conhecimentos da filosofia - nas suas várias vertentes - da sua época. E tendo cada calígrafo o seu tipo de letra - embora estes possam ser agrupados em grupos específicos - o seu estudo permite hoje, por técnicas psicológicas das mais avançadas, entrar um pouco por dentro da intimidade de tais escribas medievais portugueses. Poder-se-á entrar, até, dentro do seu próprio imaginário.

7.4. Técnicas e materiais de encadernação

É de igual modo possível, por este mesmo banco de dados bibliográficos, descortinar como tais códices eram encadernados e que tipos de materiais eram utilizados. Torna-se até viável- na ausência material de tais livros - saber com que tintas trabalhou o artífice que se encarregou da encadernação das mesmas espécies.

Pelo menos um dos códices era encadernado com pele de bezerro [esp. 25]. Aí se diz, com efeito, tratar-se de um livro coberto de bezerro.

Alguns desses livros manuscritos foram, por sua vez, encadernados a couro, nas diversas modalidades (e côr) que passaremos a designar. Um dos livros sabemos ter sido encadernado em couro [esp. 64]; um outro, com descrição já mais pormenorizada, terá sido encadernado em coiro preto.

Haverá alguma probabilidade que os encadernadores preferissem, então, o couro verde ao couro preto. Sabemos, com efeito, que pelo menos duas espécies foram encadernadas em coiro verde [esp. 46 e 51].

Um maior número de códices foi encadernado em pergaminho [esp. 40,57 e 70]. Especialmente em alguns mosteiros portugueses - como os atrás referenciados - havia já no século XIV alguns artífices devidamente instruídos nas técnicas tradicionais de preparação do pergaminho que, depois, era utilizado na confecção de livros.

Alguns dos códices apresentam-se, por vezes, na respectiva encadernação, identificados com os próprios títulos das obras que integram. Tais encadernações encontram-se, assim, embelezadas com motivos vários, decerto que a várias côres.
A descrição de uma dessas espécies é deveras sugestiva a este respeito. Refere-se com efeito, que um desses livros, o Regimento de Príncipes se encontra picado de ouro nas tavoas e as cobertoiras vermelhas [esp. 13].

(17) Índices dos livros proibidos em Portugal no século XVI, apresentação, estudo introdutório e reprodução fac-similada dos índices por Artur Moreira de Sá, Lisboa, INIC, 1983, p. 9.
(18) o conjunto dos códices alcobacences tem vindo a ser objecto de sistematização e, também, de estudo, por parte do Prof. Aires do Nascimento, a quem se devem já estudos de reconhecida importância nesse domínio (Biblioteca Nacional).
(19) Registe-se que Fernão Gomes de Góis fora camareiro-mor de D. João I, de Boa Memória "e que este o fizera cavaleiro no dia em que filhara Ceuta aos mouros". - Veja-se Vergílio Correia, artigo citado na nota seguinte.
(20) Vergilio Correia, artigo "A Arte: o século XV", in História de Portugal, vol. IV, Barcelos, Portucalense Editora, 1932, p. 406. Ver, do mesmo Mestre, Três Tumulos... e, ainda, de A. Lucena e Vale, Beira Alta Terra e Gente, Viseu, 1958.
(21) Alexandre Herculano, "Novelas de Cavalaria Portuguesas - Novelas do século XV", in Panorama, vol. IV, Lisboa, na Tipografia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, 1840, p. 7 [desta histórica revista existe uma colecção completa na Livraria Humanística da História da Tipografia de Expressão Cultural Portuguesa).
(22) Veja-se, para além do Livro dos Conselhos de El Rei D. Duarte, já referido em nota anterior, a obra de Teófilo Braga, História da Universidade de Coimbra nas suas Relações com a Instrução Pública Portuguesa, Tomo I, secção "Livraria do rei D. Duarte", pp. 209 e sgts.
(23) As Ordenações Afonsinas viriam a ser objectos de históricas edições quinhentistas em Lisboa, em 1565 e 1578, da responsabilidade do impressor Manuel João, pouco antes de, em 1568-69, deixar a capital, a convite do Bispo de Viseu D. Luís de Ataíde, passando a exercer o seu mester nesta cidade beirã, entre 1569 e 1572. Veja-se Maria Alzira P. Simõcs, Catálogo dos Impressos de Tipografia Portuguesa do século XVI, Lisboa, 1990, n." 744 e 747.
(24) Já antes de Teófilo Braga a relação das obras da Livraria de D. Duarte foi divulgada de várias formas. É o caso de D. António Caetano de Sousa, nas Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo I, Lisboa, 1739, pp 544-546: "Memória dos livros de uso del Rey D. Duarte, a qual está no dito livro antigo da Livraria da Cartuxa de Évora:.. "; Inocêncio Francisco Silva, "Memória acerca da biblioteca de el-rei D. Duarte", in Panorama, Lisboa, vol. XI, 1854; e, só depois, Teófilo Braga, op. cit. Só depois dessa data a lista de "os livros que tinha el-rey dom Duarte" foi publicada, segundo o manuscrito 3390 da Biblioteca Nacional, Lisboa, fi. 163, por Joseph-Maria Piel, na edição crítica do Leal Conselheiro, de 1942.
(25) Artur Anselmo, Origines de l'lmprimerie au Portugal, Braga - Paris, Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.
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