sexta-feira, março 18, 2005

VIRIATIS - vol. I, nº I, ano de 1957 (12/12)

NOTICIÁRIO

Visitantes



Desdobramento das visitas de estudo




A visita ao Museu de Sua Excelência o Sub-Secretário da Educação Nacional

No dia 25 de Setembro, visitou oficialmente as novas instalações do Museu o Ex.mo Sr. Dr. Rebelo de Sousa, ilustre Sub-Secretãr1o da Educação Nacional.
Foi acompanhado pelos Ex.mos Senhores Dr. Arménio Mala, Governador Civil, e Dr. Armindo Crespo, Presidente da Comissão Distrital da União Nacional e de mais autoridades locais.
A noite foi oferecido a Sua Excelência, pelo Senhor Governador Civil, um banquete, servido numa das Salas do Museu.



O banquete, no Museu, a S. Exa. o Subsecretário da Educação Nacional



Visita de S. Exa. o Subsecretário da Educação Nacional ao Museu de Grão Vasco



Visita de S. Exa. o Subsecretário da Educação Nacional ao Museu de Grão Vasco

Visitas dominicais orientadas

Tenciona a Direcção do Museu de Grão Vasco desenvolver e ampliar a actividade educativa do Museu, retomando, em novos moldes, a igual intenção do anterior Director, o pintor Albano de Almeida Coutinho.
Procura-se que cada vez seja maior a atracção que o Museu exerce sobre o público e simultâneamente habituar este a visitá-lo a miude.
Enquanto se preparam outras, esperando sejam bem recebidas pelos viseenses, iniciou-se esta nova actividade cultural com a organização de visitas dominicais, orientadas pelo pessoal superior do Museu.
Tais visitas que se efectuaram aos domingos, depois da missa, das 12 às 12,30 horas, eram subordinadas ao titulo: - Conheça uma Sala do Museu de Grão Vasco.
Assim, ao domingo pela manhã, cada sala foi mostrada, justificado o seu arranjo e diante das próprias obras se proferiram comentários adequados ao nivel de erudição artistica dos visitantes, com o que se procurou excitar simultâneamente os olhos do espírito do amador.
É esta uma prática corrente em Museus de outros países e por esta forma, - com as visitas comentadas a realizar em dias e horas fixadas prèviamente, - procura-se aumentar o número de pessoas preparadas para servirem de guias idóneos das colecções expostas no Museu “Grão Vasco”.
Porque se não preparam bons cicerones que acompanhem os amigos ou os desconhecidos que quando visitam a cidade sempre querem ir ao Museu?
Espera portanto a Direcção do Museu “Grão Vasco” que esta sua primeira iniciativa de divulgação cultural seja bem compreendida da população citadina, interessada em ampliar os seus conhecimentos de erudição artística.
Estas visitas iniciadas a 15 de Janeiro, foram suspensas em parte de Março e Abril, durante a Quaresma, para terminarem em Maio. Em Janeiro, nas duas visitas que se realizaram, assistiram 90 pessoas.
As de Fevereiro tiveram 101 assistentes que em Abril foram já 110.
Em Maio compareceram 63 pessoas. Totalizaram 364 as que assistiram às visitas orientadas.




Assistência às visitas dominicais orientadas

Visitas escolares

O Museu Grão Vasco, pretende alargar as suas actividades culturais, que em dias certos. e semanalmente se realizam; procura que pela extensão escolar se torne um activo Instituto educacional.
Para melhor desempenhar esta missão educativa, que tem tido a maior aceitação do ensino primário, não se desiste na insistência para que todos os alunos, dos diversos graus de ensino, da cidade de Viseu, visitem o Museu em pequenos grupos
Integrado na actual corrente museológica, que mais vinca e defende o carácter educativo e formativo dos Museus servimo-nos de todos aqueles meios que permitem mostrar que os Museus deixaram de ser estabelecimentos que procuravam montar as suas exposições para exclusivo deleite dos coleccionadores, amadores de arte, ou de raras preciosidades - hoje visa-se mais alto, a maior profundidade, fomenta-se por todas as formas, ajuda-se a constituição de grandes séries de objectos, para que, expostos ou não ao público, mediante o seu estudo e observação se obtenha a melhoria da educação do gosto artístico, a dos próprios artistas, quer estes sejam erúditos ou populares.
Há o empenho em interessar cada vez mais, as grandes massas da população regional no aperfeiçoamento do seu gosto artístico, com o que, consequentemente se obterá maior consciência e consistente cultura geral ou especializada.
Ao intensificar o movimento das visitas de alunos de estabelecimentos de ensino de Viseu e arredores, visou-se a criação de mais um centro de interesse à juventude.
As visitas escolares das quartas e sábados são orientadas em novos moldes: - depois de esclarecido por leve comentário o aluno é que vê o que lhe interessa nas salas visitadas e nunca percorre a totalidade das colecções - procura-se o esclarecimento das crianças encaminhando a população escolar, da região em que o Museu exerce a sua actividade, para um maior aperfeiçoamento artístico.
Com alegria os alunos fazem os seus desenhos, ou tomam breves apontamentos, dos comentários ouvidos ao funcionário do Museu que acompanha e orienta a visita. Interessava que num futuro próximo, se pudesse estabelecer uma espécie de colóquio, em que os alunos visitantes pudessem explanar os seus pontos de vista. Destes sairiam os monitores das subsequentes visitas.
Desta forma, busca-se que os jovens se vão habituando a contactar, a apreciar e a respeitar as obras de arte, e, melhor preparados, as compreendem e considerem.
Teve o melhor acolhimento, a iniciativa, entre os escolares de todo o Pais, totalizaram 2.471 as entradas de estudantes que, em grupo e acompanhados dos seus professores, visitaram o Museu.



Os alunos das Escolas Primárias visitam o Museu de Grão Vasco


Alunos das Escolas Primárias de Viseu ouvem falar sobre Cerâmica Portuguesa

Cinema cultural sobre Arte

Com a ajuda da Cinemateca da Embaixada Francesa foi possível iniciar-se no Museu de Viseu a projecção de filmes sobre arte.
Esta tentativa foi de possível realização mercê da autorização superior que permitiu ao Ex.mo Senhor Director Escolar a cedência da máquina de projecção, adstricta à
Campanha de Educação de Adultos.
Todas as sessões tiveram a assistência técnica do prof. Poças, coadjuvado pelo conservador ajudante do Museu, o Arquitecto José Cid Tudela.
As sessões realizadas cumpriram o programa seguinte:
No dia 7 de Abril - Muséés de Paris - Les grandes étapes de la peinture: Panorâmica sobre as colecções dos Museus: do Louvre; Palais de Chaillot; Jeu de Paume e Museu de Art Moderne.
Images Gothiques - As obras primas da Idade Média existentes no Museu do Louvre.
L' aftaire Manet - Documentário sobre o grande pintor impressionista e a sua época.
Images pour Debussy - Comentário e imagens sobre a obra de Debussy. Foram executados: Arabesque en MI - Reflets dans l'eau - Arabesque en SOL.
No dia 14 de Abril - La nuit des temps-Algumas pinturas quartenárias, das grutas dos Pirineus franceses.
La Chatédrale de Chartres - A arquitectura e escultura gótica - Os seus vitrais.
Presentation de la Beauce - O Poema, acompanhado de música de órgão de .T. S. Bach.
La fenêtre ouverte - A paisagem na pintura flamenga, francesa e holandesa.
Images pour Debussy.
En bateau - Música impressionista de Debussy.
No dia 21 de Abril- Art rhénan. - La fenêtre ouverte. - Ve'zelay. - Toulouse Lautrec. - La vie dramátique d'Utrillo.
No dia 28 de Abril - Images médiévales. - La rout aux épices. - Van Gogh. - La fenêtre ouverte.
No dia 5 de Maio - La nuit des temps. - Maillot. - Islam. Un vrais paradis (C. Loire).
No dia 12 de Maio - Presentation de la Beauce. - Paris. - La Provence de Paul Cezanne.

Festival de teatro clássico

O Museu de Grão Vasco, no desenvolvimento das suas actividades culturais, não podia esquecer os fins altamente educativos e estéticos do Teatro, um dos mais importantes aspectos das manifestações de Arte.
Aproveitando, a feliz e apropriada estrutura do Claustro do Museu, procurou-se realizar ali espectáculos de Teatro Medieval.
Para inicio de tais actividades não podíamos deixar de apresentar algumas obras de Gil Vicente.
Foi o Teatro Clássico Universitário do Porto, sob a direcção artística do prof. Dr. Hernani Monteiro e ensaios do Dr. Correia Alves, chamado a inaugurar os Festivais de Teatro Clássico do Museu de Grão Vasco.
Como o mau tempo não permitiu a realização do espectáculo no Claustro do Museu, transferiu-se a representação para o Teatro Viriato, graciosa e gentilmente cedido pela respectiva Empresa.
O 1º Festival de Teatro Clássico, que foi possível realizar, mercê de subsídios concedidos pelos Ex.mos Senhores Governador Civil, Presidentes da Junta de Província, da Câmara Municipal, da Federação dos Grémios da Lavoura, do Grémio do Comércio, teve lugar no dia 25 de Setembro e mereceu a assistência de Sua Excelência o Sub-Secretário de Estado da Educação Nacional e todas as autoridades eclesiásticas, civis e militares do Distrito de Viseu.


Apresentação do Teatro Clássico Universitário do Porto


Aspecto da assistência ao Festival de Teatro Clássico

Ofertas ao Museu

Durante o ano de 1956 foram oferecidos ao Museu os seguintes objectos.
Pela Junta de Provincia da Beira Alta:
2 esculturas de madeira dos séculos XV e XVII, 1 cofre de veludo do século XVI;
Pela Ex.ma Senhora D. Alda Pereira, em representação da Família do Dr. José Pereira:
1 aguarela representando o calvário, de José Augusto Pereira.
1 aguarela, figurando uma cabeça de homem, de José Augusto Pereira.
Pela Ex.ma Senhora D. Mámia Roque Gameiro Martins Barata. em representação da Família do escultor Ruy Gameiro:
1 busto de gesso.
Pela Ex.ma Senhora D. Georgina Cabral:
2 bustos em pau preto, do artista Chipanda Moeda, representando negros Macondes.
1 dente de marfim trabalhado.



Ofertas ao Museu da Fundação Calouste Gulbenkian: Cruz Processional, de bronze, do séc XV e S. Brás, séc. XV

Biblioteca

Durante 1956 procurou-se aumentar a Biblioteca do Museu.
Foram adquiridas pelo Estado bastantes obras de arte.
Numerosas foram as ofertas de livros, remetidos por:
Academia Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Antiga, Museu de Arte Contemporânea, Faculdade de Letras, de Lisboa, Museu Etnológico “Dr. Leite de Vasconcelos”, Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, Royal Academy of Arts, Sociedade de Concertos da Ilha da Madeira, Secretariado Nacional de Informação, Fundação Calouste Gulbenkian, Museu Imperial do Brasil, Instituto de Alta Cultura, Grémio do Comércio de Viseu, Instituto Português de Oncologia, Junta Central das Casas do Povo, Embaixada do Brasil, Institut Français au Portugal, Instituto de Arqueologia “Rodrigo Caro”, Museu Arqueológico Nacional de Madrid, Museu do Caramulo, Centro Italiano di Studi Suu'alto Medioevo.

Exposições

Portuguese Art, 800 -1800

De Novembro de 1955 a Fevereiro de 1956, esteve a público na Royal Academy, de Londres, mercê da louvável iniciativa de Sua Excelência o Embaixador de Portugal, a exposição: “Portuguese Art, 800 – 1800”
Nesta exposição, orientada por uma comissão portuguesa, figuraram algumas das mais valiosas espécies pertencentes às colecções de Pintura e Arte ornamentais do Património do Museu de Grão Vasco.

Exposição de Arte comemorativa do centenário dos Caminhos de Ferro Portugueses

Para esta exposição que se realizou em Lisboa, em 28 de Outubro de 1956, foi cedida a pintura de Silva Porto “Uma Estação de Caminho de Ferro à noite”.

No Museu de Arte Antiga

Aproveitou-se a estadia em Lisboa dos grandes retábuIos de Vasco Fernandes – “C a I v ã r i o”, “S. Pedro”, “Baptismo de Cristo” e “Pentecostes”, findos que foram os trabalhos de benefeciação e restauro no Instituto Dr. José de Figueiredo, - para os apresentar ao público de Lisboa, na Sala de Exposições Temporárias no Museu de Arte Antiga.
Para reclamo desta exposição fez-se curto filme que, integrado nas actualidades cinematográficas chamou a atenção do público da capital para tão importante exposição de pintura quinhentista portuguesa.



Os Retábulos de Vasco Fernandes expostos no Museu de Arte Antiga

Nova apresentação da colecção de Cerâmica

É valiosa em qualidade a Cerâmica Portuguesa existente nas colecções do Museu.
Sentia-se a necessidade de lhe dar um arranjo que permitisse uma judiciosa selecção, simultânea à valorização das espécies que o merecessem.
Para tal atingir, tivemos que estudar o protótipo de vitrine adaptável às circunstâncias de posição e orçamentais.
No estudo das montras e seus modelos não podia deixar de considerar serem elas destinadas a resguardar peças de cerâmica portuguesa e teriam de ser concebidas em função dos próprios objectos, evitando ao mesmo tempo quaisquer motivo de distração quando do exame das peças.
Para as paredes das montras escolhemos chapas vítreas ligadas entre si por delgada armação em ferro. As dotações orçamentais não permitiriam o estudo destes protótipos com placas de cristal, coladas nas arestas, e tratado para evitar reflexos.
O sistema adoptado para a armação permite um fácil e cómodo acesso a qualquer peça exposta e não origina sombras quando as montras são iluminadas por fontes de luz dirigida.
Foram também construídas para serem dispostas isoladamente e visíveis de todos os lados.
Para ampliar as dimensões da sala eliminaram-se, dentro do possível, os elementos estructurais da base.
Empregou-se o vidro como suporte de objectos para lhes dar maior transparência e visibilidade.
Na apresentação definitiva, pensa-se usar o material acrílico, para ainda mais se reduzir as dimensões dos suportes dos prateleiros.
Jamais se deixou de considerar no estudo destas montras, destinarem-se elas a aproximar o visitante dos objectos, devidamente resguardados, permitindo-lhe uma melhor observação dos mesmos.
As montras antigas, embora não permitam uma cabal apresentação das espécies cerâmicas, foram aproveitadas provisoriamente. Foram pintadas no tom cinza claro e para fundo usou-se um pano mate, côr de canela.





Aspectos do novo arranjo da Colecção de Cerâmica Portuguesa

Exposição temporária do centenário do nascimento de Columbano

Consoante noutro lugar se refere é excepcionalmente valiosa a representação da obra de Columbano no património do Museu de Grão Vasco.
Almeida Moreira, numa visão feliz, juntou esta colecção da obra do Pintor insigne, conjunto de grande importância para o estudo da nossa pintura do fim do séc. XIX.
Todas as épocas da actividade pictórica de Columbano estão representadas na colecção de Viseu pelo que, completando-se em Novembro próximo o Centenário do nascimento deste insigne Pintor contemporâneo, se pensou em organizar uma exposição didáctica, da sua obra, existente no Museu de Grão Vasco, e que será inaugurada em fins de Maio.
Para maior projecção e pública comemoração desta efeméride - o Centenário do nascimento de Columbano, de 3 de Agosto a 8 de Setembro, sairá uma Exposição Itinerante, dos Desenhos de Columbano, para ser exposta, no Museu Malhôa, nas Caldas da Rainha, conjuntamente com desenhos de Rafael Bordalo Pinheiro e José Malhoa.
Durante o período em que estiver patente ao público a Exposição temporária das obras de Columbano , darão Conferências, alguns dos mais abalisados críticos de Pintura Contemporânea.

Exame radiológico das pinturas

Pelo Ex.mo Senhor Dr. António Lacerda Pinheiro, foi iniciado o exame por radioscopia da pintura quinhentista do Museu.
O primeiro exame recaiu sobre o painel representando “O Pentecostes”, de Garcia Fernandes.
Pôde ver-se quão profundas foram as modificações feitas pelo artista, durante a execução desta pintura.
Logo que as disponibilidades o permitam vão ser obtidas provas radiográficas destas modificações, de forma a bem documentar o catálogo monográfico em organização.

Beneficiação e restauro de pinturas

Durante o ano de 1956/1957, foram beneficiados no Instituto de Restauro “Dr. José de Figueiredo”, anexo ao Museu de Arte Antiga, os retábulos de Vasco Fernandes:
“Calvário”, “s. Pedro” , “Baptismo de Cristo” e “Pentecostes”.
No próprio Museu: “A Virgem da Anunciação” de Vasco Fernandes.
Foram enviadas para Lisboa. afim de serem beneficiados e restaurados as seguintes pinturas:
11 pinturas de 2 retábulos mandados executar, em 1683, por D. Fernando Correia de Lacerda, Bispo do Porto.
Um grande retábulo com pintura da Escola Portuguesa da 2ª metade do século XVI.
2 paineis de um retãbulo do século XVI, representando S. Domingos e Santa Luzia; pintura sobre tábua, representando S. Pedro; século XVI - A Descida da Cruz
do Convento de Orgens, Viseu - século XVI.
Paisagem, de Pillement.
Nas oficinas do Museu foram restaurados, diversos móveis e esculturas.


A entrada no Museu dos Retábulos de Vasco Fernandes, quando chegados de Lisboa

Congressos

Esteve o Museu de Grão Vasco representado nos Congressos:
- IV Congresso da União Nacional, realizado em Lisboa.
- No I Congresso de Etnografia - Braga - 24 de Junho de 1956.
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