Augusto Hilário, fadista (4/4)
Quadras
in "Hilário - fadista de Coimbra, Viseense de Coração", edição de "AVIS - Associação para o debate de ideias e concretizações culturais de Viseu", 1996
Olhos verdes, côr d'esperança,
Inconstantes, côr do mar,
Quem tem amor é criança...
Sou criança por te amar!
***
Ouvi dizer ao luar,
Com trinados na garganta:
- Quem canta seu mal espanta -;
e puz-me então a cantar...
***
Vai alta a noite, vai alta,
Brilha no céu branca lua;
Vem tu vê-la minha amada,
Ruminando esta rua.
***
Cordas da minha guitarra,
Luzidias, prateadas,
Foram cabellos roubados
Às minhas doces amadas.
***
Tu já foste o que eu sou,
Eu não sou o que tu és
O teu bandolim quebrou
O meu vai beijar - teus pés
***
Se o Padre Santo soubesse
O que é ambição minha
Canonizava o João
Inscrevia-o na folhinha
***
Se o Padre Santo soubesse
o gosto que o fado tem
Vinha de Roma a Lisboa
Cantar o fado também
***
O mar também tem amante,
O mar também tem mulher,
É casado com a areia,
Dá-lhe beijos quando quer.
***
Tuas mãos são branca neve
Teus dedos são lindas flores,
Teus braços cadeias d'ouro,
Laços que prendem amores.
***
Eu queria ser como a hera,
Pela parede a subir,
Para chegar à janela
Do teu quarto de dormir.
***
Foge, lua, envergonhada
Retira-te lá do céu,
Que o olhar da minha amada
Tem mais brilho do que o teu.
***
Nossa Senhora faz meia
Com linha feita de luz
O novelo é lua cheia,
As meias são p'ra Jesus.
***
Tem o brilho das estrelas
E o fulgor dos arrebois;
Quem me dera, com dois beijos,
Apagar tão lindos sois!
***
O Mondego vai fugindo
Com quem me dera agarrar
O amor é como rio:
Foge e não torna a voltar.
***
A minha capa velhinha
Tem a cor da noite escura;
Não a quero amortalhada
Quando fôr para a sepultura.
***
Não há safiras mais belas
Na grande concha dos céus;
Pois se Deus quis ter estrelas,
Roubou-as dos olhos teus!
***
Guitarra, minha guitarra,
Solta teus ais, tuas queixas;
E's tu a única amante
Que por outro me não deixas.
FADO HILÁRIO
in "Hilário - fadista de Coimbra, Viseense de Coração", edição de "AVIS - Associação para o debate de ideias e concretizações culturais de Viseu", 1996
Olhos verdes, côr d'esperança,
Inconstantes, côr do mar,
Quem tem amor é criança...
Sou criança por te amar!
***
Ouvi dizer ao luar,
Com trinados na garganta:
- Quem canta seu mal espanta -;
e puz-me então a cantar...
***
Vai alta a noite, vai alta,
Brilha no céu branca lua;
Vem tu vê-la minha amada,
Ruminando esta rua.
***
Cordas da minha guitarra,
Luzidias, prateadas,
Foram cabellos roubados
Às minhas doces amadas.
***
Tu já foste o que eu sou,
Eu não sou o que tu és
O teu bandolim quebrou
O meu vai beijar - teus pés
***
Se o Padre Santo soubesse
O que é ambição minha
Canonizava o João
Inscrevia-o na folhinha
***
Se o Padre Santo soubesse
o gosto que o fado tem
Vinha de Roma a Lisboa
Cantar o fado também
***
O mar também tem amante,
O mar também tem mulher,
É casado com a areia,
Dá-lhe beijos quando quer.
***
Tuas mãos são branca neve
Teus dedos são lindas flores,
Teus braços cadeias d'ouro,
Laços que prendem amores.
***
Eu queria ser como a hera,
Pela parede a subir,
Para chegar à janela
Do teu quarto de dormir.
***
Foge, lua, envergonhada
Retira-te lá do céu,
Que o olhar da minha amada
Tem mais brilho do que o teu.
***
Nossa Senhora faz meia
Com linha feita de luz
O novelo é lua cheia,
As meias são p'ra Jesus.
***
Tem o brilho das estrelas
E o fulgor dos arrebois;
Quem me dera, com dois beijos,
Apagar tão lindos sois!
***
O Mondego vai fugindo
Com quem me dera agarrar
O amor é como rio:
Foge e não torna a voltar.
***
A minha capa velhinha
Tem a cor da noite escura;
Não a quero amortalhada
Quando fôr para a sepultura.
***
Não há safiras mais belas
Na grande concha dos céus;
Pois se Deus quis ter estrelas,
Roubou-as dos olhos teus!
***
Guitarra, minha guitarra,
Solta teus ais, tuas queixas;
E's tu a única amante
Que por outro me não deixas.
FADO HILÁRIO


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