quinta-feira, abril 07, 2005

Gil Vicente, beirão (2/2)

Em que época começou a sua obra literária a ser o reflexo do seu subjectivismo provinciano?

Em dois períodos poderemos dividir a sua vida; o primeiro até ir para Lisboa, o segundo dêsde aí até à sua morte.

Está provado e ninguem põe em dúvida que Gil Vicente, retirando-se da Beira, foi residir para a capital onde nos aparece em 1502, representando a 8 de Junho a sua primeira peça - Monologo do Vaqueiro ou da Visitação -.

Ninguem também contesta que, desde esta representação, Gil Vicente não deixa de permanecer em Lisboa e, quando daí sai, é para acompanhar a côrte nas suas peregrinações quási sempre motivadas pelo receio da peste.

Vêmo-lo em Almeirim, Abrantes, Chamusca, Sintra, Torres-Vedras, Evora, Alhos-Vedros, Castro-Verde, Lavradio, Benavente, Alcachete, Aldeia-Galega, Tomar, Barreiro, Palmela, Alcacer do Sal, Alvito, Montemór-o-Novo, Coimbra e em Santarem, sózinho, quando do terremoto, mas nunca mais na Beira.

o seu labor literário começa, portanto, no segundo período da sua vida.

Se os seus primeiros autos são o reflexo da influência de escritores espanhoes como Juan del Enzina e outros, em breve a fôrça criadora do seu génio deles se liberta, dando às suas peças um caracter profundamente português.

Distante da Beira, êle contudo, não a esquece, pois, de tema, ela vai servir a muitas das suas composições.

Note-se desde já êste facto, como concreta demonstração da sua grande afectividade beirã.

Já êle tinha escrito e representado sete peças, quando, em 1510, em Lisboa no Paço dos Santos, aparece com o seu novo trabalho o - Auto da Pama - que é um sugestivo quadro do nosso estupendo esfôrço através do mundo.

Descrevendo-o, o senhor Gonçalves Viana no seu Gil Vicente, diz a pág. 80:

"A efabulação dêste auto é, realmelnte, sugestiva.
Um francês conta as proezas da sua nação; um italiano celebra as grandezas da sua terra; um espanhol narra, com ênfase, o valor da sua pátria. Mas uma humilde guardadora de patos, que os ouvira, e que simboliza Portugal, contrapõe aos feitos contados pelos estrangeiros as glórias e as façanhas do povo português em tôda a parte triunfante, em tôda a parte vitorioso; nas plagas africanas, nas selvas brasileiras, nos mares do Oriente e nas longinquas ilhas da Oceânia!
Os estrangeiros sentem-se vencidos e subjugados pelo entusiasmo patriótico dessa guardadora de patos, que simboliza a alma nacional, no que ela tcm de mais nobre, de mais belo, de mais puro."


O que personalisa essa guardadora de patos que Gil Vicente escolheu para simbolizar a glória portugucsa? Ncm mais nem menos do que a província da Beira, conforme se vê da primeira edição das suas obras.

Que razões sociais ou de ordem histórica levariam Gil Vicente a uma tal preferência?

Pois não seria mais natural que dentro do seu vigoroso simbolismo, comprovado em tantas das suas obras, fôsse buscar um mais alto vulto do que o duma pobre pastora das serras da Beira?

Eu creio que não ha outras explicações que não sejam de ordem afectiva, isto é, filhas dum grande e amoroso sentimento que Gil Vicente dedicava à sua província. Vivia já ha bastantes anos em Lisboa, mas era ainda a Beira que lhe enchia o coração.

O seu regionalismo não se lhe apagou dos sentidos, antes, talvez, a um clarão de saudade, mais se revigorava.

Só a razões de ordem psicológica podemos atribuir tal preferência, pondo a tuba da fama nas mãos duma sua humilde com provinciana.

Êste facto é caracteristicamente sugestivo para dêle se aferir do seu estado dc alma.

Razão tem o escritor inglês, Aubrey Bell, em dizer, como já acima notámos, que Gil Vicente «trazia a Beira sempre no pensamento

Mas, dir-se-ha, as considerações expostas não trazem ao espírito a convicção de que êle aí tivesse nascido, mas apenas residido, desde a mais tenra idade, até ir para Lisboa.

Se assim fôsse, era caso para dizer que Gil Vicente seguiu a sorte da - Menina e Moça de Bernardim Ribeiro - pois da casa dos seus pais o levaram para longes terras... para as serranias da Beira.

Não creio em tal mudança nem há documento algum que a comprove.

Em que se funda a ideia de ter Gil Vicente nascido, não na Beira, mas sim em Guimarãcs do Minho?

Que consistência tcm tal afirmação?

É o que agora vamos vcrificar.

Em um Nobiliário do século XVI, de autoria do Alcaide-Mór dc Guimarães, D. António de Lima, faz-se referência a Gil Vicente, como sendo filho dum ourives de
Guimarães a que uns dão o nome de Martim Vicente e outros de Luiz Vicente.

Também não há documento algum que comprove tal filiação.

Os livros de linhagem são, por vezes, como afirma Queiroz Veloso, fantasiosos e assim falhos de veracidade.

Não se teria dado no espírito do linhagista um natural engano, confundindo Guimarães da Beira com Guimarães do Minho?

Ouvira-se dizer que o poeta era de Guimarães e isto bastou para logo o naturalizarem no Minho, esquecendo-se ou melhor ignorando-se que uma povoação homónima existia e existe na freguesia de Chãs de Tavares do concelho de Mangualde.

Mas não pára aqui a imaginativa dos genealogistas vicentistas, pois, logo no século XVII, êle é apontado como filho de gente ilustre e até como professor de retórica de D. Manuel, factos que Carolina Michaêlis e Brito Rebelo por completo destruiram.

Gil Vicente não era descendente da classe nobre, mas sim de pessoas humildes que outra coisa não significa nem traduz o forte plebéismo da sua linguagem, a grosseira chalaça de que as suas farsas estão cheias e até o chasco mordente que aflue à boca das suas personagens, tam comum à rude sensibilidade da gente da serra.

Talvez com amargurada ironia êle o afirmava no fruto da Lusitania, dizendo:

Gil Vicente o autor
Me fez seu embaixador,
Mas eu tenho na memoria
Que para tam alta historia
Nasceo mui baixo doutor.

Creio que he da Pederneira
Neto d'um tamborileiro,
Sua mãe era parteira,
E seu pae era albardeiro.


Quem sabe se, quando compoz estes versos, êle não traria a alma alanceada pclo desdém que lhe votavam os áulicos da côrte que ia até ao ponto de lhc negarem o talento?

Não se daria com êle o mesmo manifesto desprezo que os oficiais da casa de Luiz XIV manifcstaram a Molière?

Mas voltemos ao estudo da sua naturalidade.

É só das referências apontadas do Nobiliário de D. António de Lima quc se pretende deduzir que Gil Vicente nascera em Guimarães do Minho. Outros dados não existem.

É caso agora para preguntar: se o fundador do teatro português nasceu naquela ilustre cidade do Minho, a mais famosa para Portugal por ter sido berço do seu primeiro rei, como poderia êste facto ser por êle ignorado, embora muito novo daí o tivessem levado para a Beira?

Como poderia esquecer o que para a vida dum indivíduo constitue o seu ponto de partida, isto é, a sua naturalidade?

Êle que com tanto carinho recolheu na sua obra os feitos heroicos da sua pátria, como se compreende que nem uma única referência faça a tam antiga como nobre cidade?

Percorra-se todo o seu teatro e a única vez que escreve a palavra Guimarães é apenas para indivídualizar - D. Jaime - a quem dá o título de Duque de Bragança e Guimarães, e isto, note-se ainda, apenas na didascalía da Exortação da Guerra, tragicomédia, representada em 1513.

Pois não era natural que uma vez, ou menos, aflorasse à pena do escritor uma alusão ao berço da Monarquia Portuguesa que teria sido também o seu?

Êste silêncio é bem significativo.

Que atencioso interêsse lhe merece essa pitoresca e linda província, tam cheia de encanto e doçura, que é o Minho?

Julgo quc nenhum, pois só uma vez fala em Monção na comédia sôbre a Divisa da cidade de Coimbra e duas vezes em Braga, no Templo de Apolo e... nada mais.

Muito maior número de alusões faz Gil Vicente à Extremadura e Alentejo por onde andou, depois de ir residir para a capital.

Se, como dissémos no princípio dêste estudo, a acção do ambiente atua sôbre o escritor, indo refletir-se na sua obra, pode afirmar-se que o Minho lhe é completamente estranho.

Sente êle alguma estima por aqueles que D. António de Lima lhe dá por comprovincianos ?

Eu creio que o Auto da Mofina Mendes responde negativamente, antes para êles é aceradamente mordaz e até injusto, pois o Minho foi sempre através dos tempos viveiro de nobres qualidades de raça, atestadas pela inteligência e operoso trabalho dos seus filhos.

Não sendo Gil Vicente natural da cidade de Guimarães, e demonstrada, pelo que deixamos exposto, a absoluta influência da Beira sôbre o seu espírito, cumpre-nos, para conclusão dêste estudo, ver se é possivel determinJr a região ou local onde êsse nascimento se poderia ter dado.

Já dissémos que os escritores, Dr. José Coelho, de Viseu, Francisco Torrinha e Augusto Pires de Lima, se inclinam para Guimarães de Tavares, também conhecido por Guimarães da Serra.

Há razões que possam levar-nos a esta convicção, além dos factos apontados?

Poderemos lançar mão de outros elementos interpretativos conducentes ao mesmo fim ?

Eu creio que as obras de Gil Vicente são ainda neste ponto muito expressivas.

Algumas preguntas deixámos sem resposta no decorrer dêste trabalho.

É tempo agora de lhes dar as respectivas explicações, pois, por elas, mais se confirmará o asserto dos três escritores citados.

Guimarães de Tavares faz parte da freguesia das Chãs, também conhecida por Chás de Tavares que até meados do século XIX fôra sede dum concelho com foral dado por D. Tereza, em 1114.

Desde que, como concelho, perdeu a sua autonomia administrativa, ficou fazendo parte do de Mangualde e do qual é limítrofe.

Esta airosa povoação cheia da mais risonha claridade, tem ainda os seus ares de vila com uma larga praça onde austeramente se eleva o símbolo dos seus pergaminhos que é um velho pelourinho.

Assenta ela a nascente, no sopé dum monte donde a vista se perde no mais largo dos horisontes que, estendcndo-se por tôda a linha dorsal da Estrêla, se vão afinal perder nas longas serranias da Meseta Castelhana.

A poente, todo um vasto campo de semeadura e terras de horta donde naturalmente tira o nome de - Chãs.

Em volta da sede agrupam-se outras aldeias como são: Corvaceira, Matados, Outeiro dos Matados, Tragos, Quinta de Santo Amaro e finalmente Guimarães.

A aldeia dc Guimarães, alcandorada na encosta dum ondulado monte, é das povoações das Chãs dc Tavares a que mais pcrto fica da serra da Estrêla, defrontando-a numa larga extensão e dela apenas separada pelo pedregoso leito do Mondcgo que, em baixo, vai correndo brandamente.

Dir-se-ia que, se não fôra a corrente dêste rio, a encosta em que a aldeia assenta seria um natural prolongamento da serra, fazendo assim parte do seu sistema orográfico.

Pode-se da obra dc Gil Vicente extrair alguns factos que nos deem a absoluta certeza de que a freguesia das Chãs de Tavares era do seu conhecimento e mais do que do seu conhccimento da sua intimidade?

No Auto Pastoril refere-se Gil Vicente a um sitio denominado Pena Furada que ficava «aquém da Virgem da Estrêla.»

Ora Pena furada, também conhecida por Pedra Furada, outrora - Pena ou Penha Furada - fica entre a sede da freguesia - Chãs de Tavares - e a povoação da Corvaceira perto do sitio a que dão o nome de Péguinhos e assim para aquém da capela da Virgem da Estrêla, situada, segundo se vê do Santuário Mariano, no têrmo de Gouveia.

Para aquém - Pena Furada; para além a - Virgem da Estrêla - o que equivale a dizer: Pena Furada na freguesia das Chãs de Tavares, a Virgem da Estrêla na serra fronteira.

Na Tragicomédia da Serra da Estrêla alude o poeta ao Vale de Penados e Monte dos Três Caminhos. Se bem que exista Vale de Penedos e não Vale de Penados, é certa a referência ao Monte dos Três Caminhos, pois é assim designado um lugar entre Matados e Guimarães.

A pessoa que me ilucida diz que o lugar do Monte dos Três Caminhos está hoje quási cultivado, não perdendo, porém, aquela designação.

Na mesma tragicomédia fala-se em minas de ouro, como atrás dissémos.

Persiste uma forte tradição, em Chãs de Tavares, dos romanos terem várias minas auríferas, no monte a que já nos referimos e que é o sobranceiro à mesma povoação.

Como notámos no Auto da Mofina Mendes, fala-se no Vale de João Viseu.

Este vale faz parte também da freguesia das Chãs, pois é situado perto da povoação de Vila Seca e sempre por êste nome foi conhecido, através dos séculos.

Passemos adiante.

No Auto da Feira alude-se ao Alqueidão. Creio que tal lugar fica já a caminho de Gouveia, e é hoje designado pelo nome de Aljão.

Onde ficam Vale de Cobelo e Vilarinho, indicados no Auto da Barca do Purgatório? Também adentro da freguesia das Chãs.

Assim Vale do Cobelo, conhecido por Vale do Covelo, é situado entre as povoações dos Matados e a povoação de Abrunhosa Velha.

Ainda hoje há uma quinta conhecida por êste nomc.

E Vilarinho? Lá fica também entre a Corvaceira e a freguesia limítrofe, Travanca de Tavares.

A identificação dos lugares apontados é completa, mas outros nomes há que sofreram as suas naturais modificações impostas pejas leis da linguística.

É preciso notar que Gil Vicente escreveu, já lá vão quatro séculos, e que em tam longo período a tiponímia rural, naturalmente sujeita às leis da morfologia e fonética, se alterou senão no radical pelo menos na sua parte terminal.

Assim, no Auto Pastoril, o poeta fala no Vale das Corigas, que é hoje conhecido pelo Vale das Corgas, situado próximo de Guimarães.

* * * * * * * *

Para fechar estas notas, deve-se ainda dizer que a feira de Trancoso indicada no Auto da Mofina Mendes era, pondo de parte a feira de S. Mateus de Viseu, a mais importante e a mais próxima de Chãs de Tavares.

Pode alguém, depois do exposto, negar o conhecimento profundo que Gil Vicente tinha da topografia, da parte da Beira em que está situada a freguesia de Chãs de Tavares ?

Apontar cidades, vilas e mesmo aldeias está dentro dum lógico e compreensível conhecimento da corografia do país, mas ir mais longe, isto é, descer até à minúcia de montes e vales, ora perdidos entre acidentados caminhos, ora ocultos na sombra de ignorados outeiros, não é indubitávelmente pôr em nítido relêvo a ideia duma prolongada permanência em todos esses lugares?

Quando é que Gil Vicente teria gravado na sua memória tôda essa tiponímia rural senão durante a sua infância?

Aí talvês correu, brincou, entre pastores c pastoras, quem sabe mesmo, se pegureiro também!

Depois acrescente-se, quando escreveu os seus autos referentes à Beira, já há muitos anos dela estava ausente, mas essa ausência não obstou a que à sua mente, dentro dum natural poder evocativo, acudissem todos êsses rústicos nomes por nós agora identificados.

Por mais severo que seja o espírito do julgador, por mais acerada que seja a sua crítica, eu creio que dos factos apontados nenhuma outra ilação se pode tirar, senão a defendida neste nosso estudo.

Se, pelas investigações feitas nos arquivos e bibliotecas, a nada de concreto se chegou sôbre a naturalidade do grande comediógrafo, outro tanto, agora, já se não pode dizer em face dos preciosos dados que a sua obra encerra.

Tem-se aventado a ideia de que algum bom cura de aldeia, entusiasmado pela inteligência de Gil Vicente, lhe tivesse servido de professor, dando-lhe até em matéria teológica aqueles conhecimentos de que está cheio o sermão pregado em Abrantes na noite do nascimento do infante D. Luiz, em 1506.

Esta hipótese é muito plausível se tivermos em vista de que a abadia de Chãs de Tavares, pelos seus valiosos rendimentos, foi sempre muito apetecida e, por isso, nela colados eclesiásticos de grande saber (1).

Talvez algum afamado abade tomasse à sua conta a instrução do jovem discípulo, fazendo-o depois seguir para Lisboa afim de aprender a arte de ourives?

Seria assim?

O que se pode afirmar, sem dúvida de desmentido, é que na abadia de Chãs de Tavares nos aparecem, por vezes, nomes do mais alto relêvo literário.

Assim, já depois da morte de Gil Vicente, aí foi abade, por alguns anos, o célebre D. Jerónimo Osório, mais tarde bispo de Silves e, no século XVII, o autor da Vida de D. João de Castro, Jacinto Feire de Andrade.

Mas há um outro aspecto que, pelo crítico, não pode deixar de ser ponderado e que é a corajosa audácia de Gil Vicente, nos próprios paços riais, perante a côrtc, fazer estendal dos êrros e vícios das classes priveligiadas.

Estranho caracter o dêste homem que, sem tibiezas nem fobias, retratava no seu teatro tôda a comédia da vida, ora em bufónica gargalhadas, ora em aristofânicas ironias!

Pode dizer-se que êle foi o melhor historiador da sociedade do comêço do século XVI.

Quem, senão um homem de têmpera forte, filho da serra, poderia assim falar tam alto?

Êste traço psicológico não é para ser menosprezado na descoberta da região donde o poeta era oriundo.

Depois, acrescente-se a tudo isto, aquêle natural e doce lirismo de que estão impregnados alguns dos seus monólogos, diálogos e vilancetes.

Dir-se-ia que era a alma da serra a deixar correr das suas abruptas anfractuosidades o veio da agua cristalina, clara e transparente que é como o falar das almas simples.

O lirismo de Gil Viccnte vem assim em linha recta, não dum complicado e artificioso subjectivismo sentimental, mas sim da própria natureza da montanha, da limpidez da sua diáfana atmosfera, da olorosa fragrância das suas ervas e, mais ainda, da bucólica e ingénua simplicidade da vida quási que primitiva dos seus pastores.

O poder emocional vinha-lhe assim, todo inteiro, da própria serra que o viu nascer e que, modelando-lhe a alma à sua imagem, a tornou, por isso, forte e graciosa.

Creio que a Beira, por tudo o que deixámos dito, tem justificado direito de esculpir no friso dos seus varões ilustres a figura dêste homem de génio.

VALENTIM DA SILVA

(1) Em 1758 o D. Abade das Chãs de Tavares, Simão Gomes dc Faria, rcspondcndo ao qucstionário do padre Cardoso, arquivado na Torre do Tombo, deixa ver que naquela época, não eram de vulto os rendimentos da mesma abadia, o que não está de acordo com as cxtensas e pingues terras quc constituiam o scu passal.

Sempre a abadia das Chãs foi considerada como das mais importantcs da diocese e ainda, hoje, o actual abade paga da parte rústica deste benefício a contribuição predial dc 701 escudos.

A residência abacial mantém, pelas fortes linhas da sua construção c vastidão dos seus aposcntos, o aspecto duma velha casa solarcnga, o que condiz com as avultadas prebendas dos seus dignatários.
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