segunda-feira, abril 18, 2005

VIRIATIS - vol. I, nº II, ano de 1957 (12/12)

NOTICIÁRIO

MOVIMENTO DE VISITANTES - 1957

No decurso do ano de 1957, o número de visitantes, do Museu de Grão Vasco, teve significante incremento. Entraram no Museu durante o ano 33.223 pessoas, em vez das 27.727 de 1956.



VISITAS DOMINICAIS ORIENTADAS

Por absoluta falta de tempo para se prepararem, interromperam-se estas visitas orientadas, que, com grande afluência de público, se realizaram semanalmente. Consequentemente por mingua de pessoal superior, não por diminuição de interesse da parte do público, não foi possível manter este serviço de extensão cultural. São, porém, tantos os pedidos que a Direcção do Museu de Grão Vasco vê-se obrigada a manter a série de visitas dominicais orientadas no próximo ano de 1958, iniciando-as após a quadra da Páscoa.

VISITAS ESCOLARES

Por carência de pessoal a quem fosse entregue este serviço, ao qual desejávamos imprimir uma grande continuidade, fomos forçados a interromper as visitas das Escolas Primárias de Viseu, durante 1957.

Deram as experiências feitas em 1956 óptimos elementos para o aperfeiçoamento do plano de Extensão Escolar do Museu de Viseu.

Obtiveram-se resultados animadores. Assim, é vulgar ver aos domingos, pela manhã, numerosos grupos de crianças, com cerca de 10 anos, a visitarem voluntàriamente o Museu. Os quais destes grupos foram anteriormente visitantes do Museu, integrados nas visitas das Escolas Primárias ao Museu.

Alguns destes jovens visitantes já têm oferecido objectos para o Museu: moedas, estampas, etc. Apesar de não serem dádivas de valor, muito querem informar do interesse existente em ampliar este serviço de extensão escolar dos museus aos alunos das Escolas Primárias.
O Director do Distrito Escolar de Viseu, tem sido o grande animador deste serviço de extensão cultural, sempre pronto em dar as maiores facilidades, tomando possível que os alunos de Viseu e dos arredores se desloquem de visita ao Museu de Grão Vasco.

Parece que para melhores resultados educativos se obtenham só visitem o Museu os alunos da 4ª classe. O seu nível cultural já lhes permite uma melhor apreensão dos conhecimentos artísticos. É de aconselhar que a visita seja feita em pequenos grupos e só uma ou duas salas sejam percorridas pelos alunos. Procura-se desta forma a que apreendam melhor os valores artísticos arquivados e se habituem a frequentar e jamais a correr o Museu.

Procura-se, em 1958, ritmar estas visitas, fornecendo aos alunos materiais de desenho ou aguarela, para que possam reproduzir à sua maneira a impressão que levam da sua visita ao Museu.

Antes de saírem assistirão a uma sessão de cinema de nível cultural adequado.

A reserva destas visitas escolares só aos alunos da 4ª classe têm a sua justificação. Além dos alunos possuírem um melhor nível cultural, deixa-se, aos mais atrasados das outras classes, um futuro centro de interesse que é o passeio e a visita ao Museu.

O conservador Arqtº José Cid Tudela, acompanhou as visitas dos alunos da Escola Industrial e Comercial de Viseu, às diversas colecções do Museu. Foram muito numerosas estas visitas, que pressupõem a maior utilidade aos futuros artífices formados pelo nosso Ensino Técnico.

CINEMA CULTURAL SOBRE ARTE

Por ter tido outro destino a única sala onde é possível dar sessões cinematográficas não foi possível durante o ano de 1957 dar qualquer sessão de cinema cultural.

BIBLIOTECA

Além das obras de consulta adquiridas pelas disponibilidades orçamentais, foram oferecidas obras pelas entidades a seguir:

Instituto de Alta Cultura, Academia Nacional de Belas Artes, Academia Portuguesa de História, Faculdade de Letras de Lisboa, Museu Etnológico Dr. Leite de Vasconcelos, Agência Geral do Ultramar, Museu de Arte Contemporânea, Museu de Arte Antiga, Broteria, Câmara Municipal de Almada, Instituto de Estudos Clássicos, da Universidade de Coimbra, Biblos, Câmara Municipal de Évora, Euphrosyne, Junta Central das Casas do Povo, Instituto Português de Oncologia, Museu Malhoa - Sociedade de Concertos da Madeira, Embaixada da Brasil, Instituto de Antropologia da Universidade do Porto, Serviços Geológicos de Portugal, Galeria Dominguez Alvarez, Institut Français au Portugal, Serviços de Informação dos Estados Unidos da América, Laboratório de Engenharia Civil, Dr. Carlos de Passos, Almeida, Bastos, & Piombino e Cª, Secretariado Nacional de Informação, Universltá di Bologna, Society of Architectural Historians, Museu pré-histórico - etnográfico «L. Pigorini, Seminário de Estudios de Arte y Arqueologia, Universidade de Valladolid, Seminário de Arqueologia e Numismãtica Aragonesas, Instituicion “Fernando el Catolico”, Jefatura del Servico Nacional de Excavaciones Arqueologicas, Junta das Missões Geográficas e de Investigações do Ultramar, Diputacion Provincial de Badajoz, Museu Bicknel, Instituto “Rodrigo Caro”, Institucion “Príncipe de Viana”, Museu de Arte de Barcelona, State Service for Archeological Investigations in the Netherlands, Sociedad Arqueologia Luliana, Institución Fernãn-Gonzalez, Comissão Municipal de Turismo de Viseu e Faculdade de Filosifia y Letras de Buenos Aires.

REMODELAÇÃO DE SALAS DO MUSEU

Com a preparação da montagem da Exposição Comemorativa do Centenário de Columbano, tiveram de ser retirados todos os quadros de pintores contemporâneos expostos no corredor e duas salas do anexo do 2º andar do Museu. A maioria destas pinturas recolheu às arrecadações por falta de espaço para a sua apresentação.

Agora e em substituição temos a Sala do Grupo do Leão, em que se apresentam 5 paisagens de Columbano e outros trabalhos de Silva Porto, Ramalho, Soares dos Reis, Malhoa, João Vaz, Rafael Bordalo Pinheiro e D. Maria BordaIo Pinheiro.

Numa outra sala expõem-se os estudos de Columbano. No corredor, apresentam-se os desenhos dos personagens históricos agrupados depois nos estudos dos painéis que ornamentam os Passos Perdidos da Assembleia Nacional.

Finalmente, manteve-se quase intacta a sala da pintura de Columbano e onde estão expostas produções que bem documentam as diversas fases da sua actividade pictórica.

Ainda não foi possível instalar a colecção numismática legada ao Museu pelo Exmo. Sr. Dr. Nogueira Lobo.

O estudo da apresentação pública da colecção de numismática condenou, para o fim, a sala primitivamente a tal destinada, pelo que se adoptou a uma saleta de descanso, guarnecendo-a com mobiliário do século XVII e XVIII e alguns retratos.

AQUISIÇÕES DE OBRAS DE ARTE
ESCULTURA DE MESTRE PERO



"Imagem de Santa Catarina" - Séc. XIV - de Mestre Pero. Proveniente de Vila Facaia - Pedrógão Grande

No corrente ano apareceu à venda em Viseu a escultura que reproduzimos, representando Santa Catarina. Lavrada em pedra de Ançã, nos princípios do século XIV, tem todas as características, estruturais e de composição que permitem a afirmação de ser obra de Mestre Pero.

É proveniente da região de Pedrógão.

O Museu deve ao Governo da Nação, em especial aos Exmos. Ministros das Finanças e da Educação Nacional, a verba especial que permitiu a aquisição deste valioso espécime da nossa escultura Dionisiana.

OFERTAS DE OBRAS DE ARTE

Do pintor Gata foram oferecidas ao Museu duas miniaturas sobre marfim ( cerca de 1830) retratando o bisavô e avô de D. Amélia do Valle e Silva Andrade. Foram entregues ao Museu pelo Exmo. Senhor Coronel José Maria Valle de Andrade, como legado de sua Exma. Mãe.

O RETÁBULO DE FERREIRIM

O grande incêndio ocorrido há tempos no Convento de Ferreirim motivou grandes obras de restauro no edifício o que levou a Direcção dos Monumentos Nacionais a apear os painéis constitutivos do retábulo quinhentista.

Desejando, a Direcção do Museu de Grão Vasco, organizar uma Exposição Temporária sobre a Pintura quinhentista da Beira Alta, executada na 1ª metade do século XVI, solicitou-se a cedência temporária dos painéis de Ferreireim.

Por determinação superior foram tais painéis mandados depositar no Museu de Lamego.

INVENTÁRlO ARTÍSTICO E CARTA ARQUEOLÓGICA DA BEIRA ALTA

Têm-se recolhido os possíveis informes acerca do património artístico e arqueológico da Província da Beira Alta, para se criar um Ficheiro no Museu, respeitante às diversas épocas da arquitectura, escultura e pintura, bem documentado fotogràficamente.

Elaborou-se um questionário-inquérito, como prévia preparação à elaboração da Carta Arqueologia da Beira Alta.

ACTIVIDADE ARQUEOLÓGICA

Procurando desenvolver a colecção arqueológica do Museu de Viseu, fizeram-se diversas viagens de prospecção e inventário dos monumentos ainda existentes na Província da Beira Alta.

Deu-se prioridade à documentação recolhida dos textos epigráficos existentes gravados em grandes penedos graníticos e pegmatíticos.

Recolheram-se algumas epígrafes funerárias romanas da região, ampliando-se a pequena série existente no Museu.

Para a primavera do próximo ano prepara-se uma campanha de exploração das antas e antelas da região.

Continua-se com a busca de elementos para a localização territorial das populações romanizadas cuja denominação até agora nos chegou.

Em resultado destas investigações já é possível situar os Ocelenses e os Colarni.

CONVEGNO STORICO - ARCHEOLOGICO INGAUNO

Nos dias 15 a 18 de Dezembro realizou-se em Albenga mais um congresso arqueológico promovido pelo Instituto Internacional de Estudos Ligures.

Com um programa altamente sugestivo, onde se destacavam visitas ao Museo Navale Romano, no Palazzo D' Aste e as escavações das grutas de Básura e Colombo, debateram-se problemas monográficos, respeitantes à pré-história, aos monumentos e história de Albenga.

No final realizaram-se excursões a Finale, Noli, Ventimiglia, Balzi Rossi, e Bordighera.

XIXme CONGRÈS INTERNATIONAL D'HISTORIE DE L'ART - PARIS, 8-13 DE SETEMBRO DE 1958

Nestas datas vai voltar a reunir, e desta vez na Sorbone, o Congresso Internacional de História de Arte. A discussão subordina-se ao tema proposto: Relations artistiques entre la France e l'Etranger.

Diversas excursões estão previstas após o Congresso.

A Secretaria do Congresso, onde se prestam todos os informes aos interessados funciona no Museu Rodin, Paris.
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