domingo, abril 10, 2005

VIRIATIS - vol. I, nº II, ano de 1957 (3/12)

EXP0SIÇÕES TEMPORÁRIAS NO MUSEU DE GRÃO VASCO

1ª EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA

IMAGINÁRIA PORTUGUESA DOS SÉCULOS XIV A XVIII
TAPETES DE ARRAIOLOS DOS SÉCULOS XVII E XVIII

A primeira das Exposições Temporárias de 1957, reuniu um importante núcleo de imagens portuguesas dos sécs. XIV a XVIII e alguns tapetes de Arraiolos seiscentistas e setecentistas.

Com esta exposição procurou-se dar a conhecer ao público pequena mostra do património do Museu de Viseu. Aproveitou-se o ensejo para se apresentar algumas obras desconhecidas do público, dos historiadores de arte e dos criticos.

É um contributo para o estudo da actividade dos nossos imaginários tricentistas e posteriores, revelando algumas esculturas de qualidade, entre as quais destaco a Santa Luzia, de Mestre Pero, recentemente adquirida, peças que têm de ser consideradas em futuros estudos de conjunto.

A actividade dos nossos bordadores alentejanos não foi esquecida e para tal documentar exposeram-se magníficos tapetes de Arraiolos.

Na apresentação das espécies procurou-se adoptar um critério que as valorizasse ao máximo.

Quase abandonamos o aspecto funcional, para darmos preferênc:a ao organicismo na sua apresentação.

Para ilucidação do público interessado, elaboraram-se as tabelas e breves sinteses dos pontos culminantes da evolução das formas expostas, afixando-as em locais discretos, mas fàcilmente acessíveis ao visitante interessado. Estão sempre prontas a ilucidar aqueles que as buscam sem que os demais visitantes se sintam perturbados, por numerosos letreiros, ao procurarem fazer a contemplação estética das espécies.



Iª Exposição Temporária de Tapetes de Arraiolos e Imaginária, dos Séc. XIV a XVIII

2ª EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA, 1957

OS DESCOBRIMENTOS DOS PORTUGUESES E A SUA INFLUÊNCIA NA ARTE

A possibilidade desta exposição deve-se ao Ex.mo Senhor Dr. Abel de Lacerda, de saudosa memória, quando veio oferecer à Direcção do Museu de «Grão Vasco» o depósito temporário, dos objectos pertencentes ao Museu do Caramulo, que pouco antes tinham estado expostos nos salões do Secretariado Nacional da Informação, em Lisboa.

O Museu de «Grão Vasco» pelo extraordinário interesse do conjunto, acolheu a sujestão com entusiasmo e, superiormente autorizado, procedeu aos trabalhos da sua montagem em colaboração com o Museu do Caramulo, estabelecido que foi o plano prévio:

- Apresentar alguns aspectos que recordassem OS DESCOBRIMENTOS DOS PORTUGUESES E A SUA INFLUÊNCIA NA ARTE.

O MUSEU DE GRÃO VASCO concorre com obras capitais das suas colecções, algumas delas conhecidas de há muito, por quantos o visitam, outras propositadamente tiradas das arrecadações.

A FUNDAÇÃO DO MUSEU DO CARAMULO tomou o encargo de trazer para o Museu de Viseu as valiosas espécies que lhe foram doadas, bem como a tapeçaria flamenga do Museu da Marinha, ultimamente expostas em Lisboa.

É hoje correntia a colaboração aberta e desinteressada entre o Estado e os particulares, propícia a dar, ao público, conhecimento de quanto existe no País, com destacado interesse artístico e de quanto se tem trabalhado na ampliação de judiciosa política de espírito, tornando possível fazer recolher ao País, as Obras de Arte que enriqueçam o nosso Património Histórico e Artístico.

O âmbito da exposição, dadas as grandes possibilidades que o tema consentia, foi intencionalmente limitado. O seu desenvolvimento permite a organização de numerosas exposições monográficas, que alguém, certamente, um dia fará.

Sem intuitos de sistematização rigorosa, nas duas salas que comportam a exposição, apresentam-se trabalhos do princípio do séc. XVI e outros seiscentistas e setecentistas, que testemunham os resultados duma aculturação de formas e motivos ornamentais, segundo a direcção Ocidente-Oriente, com flagrantes afluxos e refluxos em ambos os sentidos.

Os objectos documentam a nossa presença e profunda influência que causávamos nas populações que, com aptências artísticas, íamos encontrando ao longo das derrotas esboçadas pela clarividência do Infante e estabelecidas, mercê da persistência de D. João ll.

Da nossa influência nas populações atlânticas do Meridião - de Benin, do Congo ou do Brasil- é primeira prova o Hostiário do Museu, e o painel do Retábulo da Sé, onde Vasco Fernandes representou um Ameríndio. Muitas outras espécies - mobiliário, tecidos, bordados e porcelanas, estão expostas a vincar a nossa presença no Oriente, onde durante uma centúria, sozinhos, esmiuçados todos os recantos, contactamos com quase todas as tesselae desse mosaico populacional, a que transmitimos, duma forma perdurável, o mais transcendente da nossa cultura europeia.

Um conjunto de objectos, mostram a que ponto a presença dos portugueses, vincou reflexos profundos na arte dessas longinquas e exóticas populações.

A China pintou nas suas porcelanas, da dinastia Ming, o nome ou as armas dos nossos governantes e navegantes. A Pérsia figurou-nos nas suas alcatifas. O Japão, nos seus biombos ou nos punhos das espadas. No Industão, não só a nossa presença é assinalada, os nossos trajes e usanças, e os símbolos da nossa fé, mas também foram as próprias formas metropolitanas, as adoptadas no mobiliário, marfins e bordados, etc., que mescladas, quantas vezes, interpretadas à maneira local, criaram formas de perfeita aculturação, bem denominada, como Arte Indo-portuguesa.

Paralelamente às modificações exercidas nas artes do Oriente, irrefutàvelmente, fomos os primeiros a expandir por toda a Europa os produtos, as artes, os usos e costumes Orientais.

O exotismo etnográfico que os nautas portugueses referiam nas suás paranças nos portos do norte da Europa, as diferenças somáticas ou costumes, da flora e da fauna, do diferente viver das gentes da índia, causavam então justificado interesse, mórbida curiosidade por todo o setentrião.

Reflexo disso são as armações de tapeçaria, produzidas no séc. XVI, nas oficinas de Bruxelas e Tournai.

Eram os conhecidos panos «A maneira de Portugal e da India», que os documentos dos arquivos flamengos largamente referem. São pelo menos testemunhadas duas armações anteriores à regulamentação das Corporações flamengas dos «Tapeceiros».

A inauguração desta valiosa Exposição Temporária coincidiu com a comemoração da data gloriosa de 28 de Maio, com a presença de todas as autoridades religiosas, civis e militares e figuras destacadas, nas variadas actividades da cidade de Viseu. Terminada uma breve visita às Salas da Exposição o ilustre Presidente da Academia Nacional de Belas Artes, o Sr. Prof. Doutor Reynaldo dos Santos proferiu de improviso uma brilhante conferência sobre o tema da Exposição antes inaugurada.


2ª Exposição Temporária - "Hostiário de Marfim" - Séc. XVI - pertence ao Museu de Grão Vasco

2ª Exposição Temporária - Tapeçaria Flamenga de "Tournai" - Séc. XVI - pertence ao Museu do Caramulo

2ª Exposição Temporária - Tapeçaria Flamenga de "Tournai" - Séc. XVI - pertence ao Museu do Caramulo

2ª Exposição Temporária - Tapeçaria Flamenga de "Tournai" - Séc. XVI - pertence ao Museu do Caramulo

2ª Exposição Temporária - Prato "Ming" com as armas dos Melos ou Almeidas - Pertence ao Museu do Caramulo

2ª Exposição Temporária - Garrafa "Ming" de Jorge Àlvares - 1552 - Pertence ao Museu do Caramulo - Aspecto para a leitura da legenda

2ª Exposição Temporária - Aspecto geral da garrafa de Jorge Àlvares - 1552

3ª EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA

COMEMORATIVA DO CENTENÁRIO DE COLUMBANO

Tencionava a Direcção do Museu de Grão Vasco inaugurar, em Maio passado, uma exposição evocativa do centenário de Mestre Columbano.

Seria assim a primeira manifestação pública e oficial evocativa da efeméride do nascimento do nosso Mestre da pintura contemporânea.

Tinha o Museu de Viseu o compromisso moral de festejar o acontecimento, visto ser de seu património uma das colecções mais representativas da obra de Columbano e respeitante às diversas fases da sua actividade.

Completamente organizada, e pronta a ser inaugurada, adiou-se para sucessivas datas a sua abertura.

Imponderáveis e casos de força maior, obstaram a sua apresentação pública, em data própria.
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