sábado, maio 20, 2006

A Catedral de Viseu (3/9)

Separata da revista "Beira Alta", 1945

por Alexandre Lucena e Vale

Anos depois, pelo Natal de 1414, acolhe a Sé três dos mais ínclitos infantes de Avis: D. Duarte, o futuro rei, D. Pedro Duque de Coimbra, D. Henrique, o dos descobrimentos, Senhor da Beira e mais adiante Duque de Viseu, acompanhados de seu irmão bastardo, o Conde de Barcelos, fundador da Casa de Bragança.

Era ao tempo dos aprestos para a conquista de Ceuta. Andavam os Infantes, no sonho da empresa, a recrutar gente para as suas hostes, e D. Henrique, já então precocemente realista e prático, para melhor reunir os grandes senhores da Beira e mover seus ânimos à aventura, havia determinado de fazer umas grandes festas na cidade.

Deixou notícia delas, Gomes Eanes de Zurara, num capítulo da sua Crónica da Tomada de Ceuta, que escreveu há perto de quinhentos anos:

"Mais fez ajmda O Iffamte Dom Hamrrique por acreçem¬tar seus desemfadamentos. ca hordenou logo como sse fezessem huuas nobres festas em Viseu, pera as quaaes mamdou eomuidar o comde de Barçellos seu jrmaão eom todollos senhores bispos fidallgos e outros boõs homees que auía em aquella comarqua. aos quaaes fez saber como aquellas festas auiam de começar em uespera de natall, e auiam de durar ataa dia dos rrex. porem que lhes prouuesse de teerem tall maneyra em sua uijmda, que aaquel¬le tempo fossem alli, ou primeyramente se o fazer podessem por aazo de suas pousemtadorias serem milhor auiadas. E para esto mamdou o Iffamte a Lixboa e ao Porto por pannos de sirga e de laã, e brolladores e alfayates pera fazerem suas liurees e momos segumdo pera sua festa rreallmente perteeçia, e desy uiamdas forom buscadas per todallas partes mais abastadamente que sse poderam achar. Alli foram trazidas mujtas carregas de çera que sse despemderam em mujtas tochas, assy de seruir como de dam¬ças, e bramdoões e uelas e contos em tamanho numero que casy seria empossiuell de sse comtar. Alli forom outrossy de todallas uiamdas daçucar e comseruas que sse poderam achar no rregno em muy gramde abastamça. e assy de todallas maneyras despeçias e outras fruytas uerdes e secas que compriam pera sua festa seer abastada. e também uieram alli piparotes de ma¬luasia com mujtos outros uinhos bramcos e uermelhos da terra de todallas partes homde os auia milhores. E quamdo ueo aa uespera de natall eram ja todas estas cousas prestes. e assy muj¬tos corregimentos de justas e outros arreos de desuayradas ma¬neiras. e a çidade e aldeas darredor eram todas cheas de gcmte de guisa que pareçia a alguus estramgeiros que per alli passauam que aquelle ajumtamento non senam corte de rrey. Em ali aqnellas festas ouue muy gramde prazer, porque auia em ellas mujtos senhores e gramdes com mujtas maneyras de desemfadamemtos. e sobre todo a abastamça que era may gramde de mujtas delei¬tosas uiamdas. ca non sse acha que em todos aquelles dias ou¬uesse nehuu falliçimento, per que aquella festa em alguua parte podesse seer abatida (…) o Iffamte Duarte que estaua em Samtarem com seu padre, tamto que soube as nouas daqnelle ajumtamento, ouue muy gramde desejo de seer em elle. e loguo como passou o dia de janeiro ouue liçemça de seu padre, e escolheo seis fidallguos os mais gemtijs homees de sua casa com alguu outro pequeno corregimento. e assy aforrado partia de Samtarem, e trigou tamto seu amdar que posto que os dias fossem pequenos e os caminhos maaos, ohegou a Viseu a taaes horas que ouuio ajmda o offiçio de uespera de rrex, com seus jrmaãos" (1).

Paremos aqui na leitura da crónica, que é neste relanço, justo título da comparticipação de Viseu na arremetida gloriosa da nossa primeira expansão ultramarina.

Quedemo-nos a imaginar um pouco o que teria sido êsse ofício dos Reis na velha Sé românica de Viseu.

Não nos prenda o colorido do quadro fácil de recompor pela lição dos cronistas noutras cenas similares. Deixemos a visão da Sé iluminada à luz morna e inquieta dos brandões de cera, o bispo D. João Homem com o seu clero, os Infantes com os seus trajos de côrte, os fidalgos beirões, rudes montanheses sem cortezania, abafados em seus gibões de inverno, os burgueses ricos da cidade, de saio e mantolote, seguindo admirados a função, os mesteirais de ofício à mistura com o povo rural do termo, apinhados pelas três naves do templo.

Perscrutemos antes a alma dessa gente, do Bispo, dos Infantes, dos grandes senhores da Beira, já no segrêdo da verdade, - a próxima expedição que as festas prologavam.

São ainda homens da Idade Média em cujos peitos arde acesa a chama rubra do ideal cristão da Cavalaria. De joelhos em terra, em frente do presépio, meditam gravemente os mistérios do dia.

É a hora litúrgica da vinda dos Reis Magos. Pelos caminhos ínvios da velha Palestina, seguem, pressurosos, três potentados da terra a oferecer ao Menino-Deus, Senhor do Mundo, com o ouro, o insenso e a mirra, a vassalagem da sua servidão. Também êles, como os Magos – pensam – irão dentro em breve às terras desconhecidas da África, oferecer o ouro do seu sangue, talvez a própria vida, a êsse mesmo Rei-menino ali presente. . .

Sobe no ar com o fumo do incenso, a melodia religiosa dos salmos. Á luz movediça dos cereais do Côro e dos archotes das naves o templo como que se espiritualiza. E talvez que nessa hora um frémito misterioso trespassasse, percorresse as pedras da velha Sé românica, erguida também ela para glória de Deus em plena guerra de cruzada.

Já então ia alta a hora nova do gótico. Havia séculos que das profundezas da Idade-Média, num lento processo de gestação, vinha germinando um mundo novo de ideias, de sentimentos e aspirações.

A cavalaria feudal havia sucumbido caminho de Jerusalém, e, enfraquecida de vidas e riquezas, cedia lugar à nova classe da burguesia nascente.

Á economia agrícola sucedera por sua vez a economia artesana, determinando o desenvolvimento das corporações de artes e ofícios, as grandes associações de artífices de projecção internacional, e, pela sua estrutura e intervenção na vida públi¬a localista, a fôrça propulsora da crescente importância da classe mesteiral de que sairiam ao diante os grandes arquitectos, construtores, escultores, pintores, os mestres da nova floração artística.

Um fermento novo, as traduções de Avincena, Averróis e Aristóteles, levedara no próprio seio dos mosteiros, a cujo âmbito se circunscrevera até então tôda actividade intelectual.

Alberto Magno, Santo Tomaz de Aquino, Duns Scott, Rogério Bacon imprimem à filosofia tal altura que não mais se deterá em seus vôos primitivos.

A controvérsia dos nominalistas e realistas apura a dialéctica e abre ao pensamento audácias sem limite.

Ora, como nota Viollet Le Duc, a arquitectura é, de tôdas as artes, a que mais reflete as ideias e os sentimentos dos povos. O espírito do século toma expressão na pedra.

A sociedade feudal dos séculos Vº a Xº tivera o seu estilo, o românico ; a nova época que precede os fulgores da Renascença tem igualmente o seu – o estilo gótico.

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0 românico fôra a expressão da fôrça, da unidade inteiriça do pensamento cristão-católico da primeira Idade-Média.

É a respuhlica-christiana em pedra. O estilo ogival, afirmado na maior altura da construção, no lanceolado dos contornos e das galbas que ascendem e se espiritualizam no ar - pedra feita prece a subir a Deus mas já pensamento a rasgar os mistérios do céu - é o espírito da nova época de inquietitude, de investigação, de curiosidade que ainda disciplina a estrutura católica, mas que já traz em si o vírus da Reforma, o naturalismo, o novo humanismo do renascimento clássico. Se, como é sabido, na arquitectura em geral a cronologia é baliza falível e difícil, muito mais o é na sucessão dos dois estilos românico e ogival. Na península hispânica, sobretudo, o estilo românico resiste tenazmente à invasão do opus-francigenium, construindo-se ainda em românico mais ou menos puro em plenos séculos XIV e XV.

Entre nós, com excepção da Batalha e dos Jerónimos, o ogival pratica-se sobretudo nas reconstruções dos primitivos templos românicos, por sobreposição e enxêrto, em transigência com a corrente moderna.

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A Sé de Viseu, inicialmente já dum românico terciário ou de transição, caracterizado pelo arco de ogiva que se observa no pórtico desentulhado dos claustros e nos arcos trilobados, geminados ou simples das diversas aberturas, bem poderiamos dizer ser exemplar característico dessa fusão dos dois estilos. A galba dos modilhões da cornija exterior do primitivo templo, obra do séc. XII, é, segundo o Prof. Arão de Lacerda, característica segura da influência gótica (II) todavia, nos fins do século XIV, o bispo D. João Homem, ao mandar restaurar a fachada principal do templo que lhe vinha do Conde D. Henrique. parece não a ter feito no novo estilo gótico que só um século depois lhe adviria com D. Diogo Ortiz de Vilhegas.

E o próprio D. João Vicente, meado já o século XV, ao construir nas dependências arruinadas dos antigos Paços reais, a sudeste da Sé, a sua Capela de Jesus dos Claustros ou Capela do Calvário, sem dúvida e a despeito da sua natural modéstia de capela tumular, o mais belo e curioso recanto de tôda a Sé de Viseu, com as suas colunas de lavrados capitéis fitomórficos e historiados, com suas arcas ferais de heráldicos escudos, cenotáfio e a estátua jacente do seu instituidor - só em parte enxerta nela a nova moda gótica na abóbada de arestas de fundas reentrâncias, que supomos obra sua. E todavia êste Prelado, que é uma das mais curiosas figuras da mitra viseense, homem da côrte e diplomata, confessor de rainhas e infantas, privado de reis e amigo de papas, embaixador e legado pontifício, vivera demoradamente em Espanha como confessor da nossa infanta D. Isabel mulher de D. João II de Castela, acompanhara a Flandres outra nossa infanta, Isabel também, a futura Duqueza de Borgonha, estanciara demoradamente em Roma onde fôra amigo pessoal dos papas Martinho e Eugénio IV, estivera por legado pontifício na corte de Inglaterra.

Homem de raras virtudes que fizeram dêle o Bispo-Santo como por antonomázia ficou conhecido na história, médico e lente de prima na primeira Universidade de Lisboa e só depois de o ser, ordenado de sacerdote por vocação antiga, reformador da Ordem Militar de Cristo e instituidor dos cónegos evangelistas de Santo Eloi, dotado de altas qualidades de espírito e sensibilidade, não podia ficar refractário às belezas artísticas das grandes catedrais góticas estrangeiras que em suas deambulações admirára.

Mas a pequena capela de Jesus, que como dizemos mandara erigir para sua sepultura, não pode servir de baliza arquitetónica porque foi em grande parte obra de adaptação.

Para mais, como dissemos, demora nos claustros, é uma dependência, um anexo do templo. Nêste, propriamente dito, o novo estilo só se adopta na grande reforma de Diogo Ortiz de Vilhegas e ainda assim atinge apenas o frontespício e a abóbada.

Daquele, desmoronado na derrocada de 1635, é conhecida a descrição que Botelho Pereira escreveu cinco anos antes, em quentes ditirambos aos embrincados lavores e rendilhados da pedra. Por êsse relato, inserto no manuscrito do primeiro cronista viseense, podemos conjecturar de longe o que seria a derruída frontaria da Sé gótica, com seu trabalhado pórtico de arquivoltas e pequenos colunelos, a formarem baldaquinos povoados de elegante estatuária, as tais admiradas figuras que nem de cera se fariam melhor, no dizer ingénuo e laudatório do panegerista (III). Acima, abria-se a grande rosácea – invenção de vidraça lhe chama Botelho Pereira - formando presumivelmente algum lindo e evocativo vitral, tudo coroado ainda dos vetustos merlões románicos primitivos, se é que não debruavam o tôpo da frontaria quaisquer corocheus e agulhas mais à feição ogival.

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Ainda então não dominava o Adro o nobre edifício do Paço dos Três Escalões nem o corpo de sacadas da ala superior dos claustros. A Igreja da Misericórdia também não existia, e só dêsse lado, a velha muralha afonsina com sua pedra morena delimitava o terceiro, de que desciam em escaleiras e socalcos até à ribeira do Pavia, pequenos arretos de hortaliça e olival.

Dêsafrontada assim de quaisquer outras edificações, erguida no alto da cidade a dominar tôda a paisagem em volta, que se estende até os altos empenhascados do Crasto, de Santa Luzia e da Muna, devia ter mais nobreza e grandiosidade a velha Sé viseense, vista de longe, a cavaleiro do burgo quinhentista, todo recolhido à sua falda, como a vigia secular da sua integridade espiritual e terrena.

Esta foi a Sé que na manhã distante de 23 de Julho de 1516 benzeu e consagrou Diogo Ortiz de Vilhegas, o bispo pação da corte manuelina, que abençoara as naus do Gama e do Cabral, e na Lisboa faustosa de quinhentos, em Belém e S. Domingos, nas horas da largada e do triunfo, exaltara o sentimento da pátria aos marinheiros portugueses da navegação e da conquista (IV).

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Foi êste o templo que conheceu Grão Vasco, e os seus painéis monumentais enobreceram por todo o século de quinhentos.

Considerando-o, nos quedamos agora deleitados, a imaginar o que seria então o interior da Sé, sob a abóbada magnífica dos nós, na penumbra da luz filtrada pelos vitrais das suas janelas góticas.

Ao tôpo da nave central, no altar mor, então à bôca do cruzeiro, os célebres 14 quadros com a vida de Maria e a infância de Jesus punham na severidade do templo, em transparências de côr de tonalidades flamengas, a doce graciosidade dos seus perfis femininos, dos seus delicados anjos de fisionomia andrógina, a lembrarem, na candidez do olhar, as Virgens florentinas de Cimabué. Nos altares do transepto, no do Espírito Santo e actual do Santíssimo, nos dois absídiolos ao tôpo das naves laterais, as tábuas monumentais do Pentecostes, do Calvário, do Baptismo, de São Pedro, dominando o ambiente, comoviam as almas com o seu ,realismo flagrante, e rasgavam nos fundos quedos e sombrios das naves, perspectivas animadas de movimento e luz que punham frémitos de vida na matéria inerte do granito do templo.

É esta a Sé dos grandes bispos do Renascimento, homens de côrte e sacerdotes de Deus, nobres filhos de algo, ciosos do acrescentamento das honras de família, atentos talvez ao próspero da fazenda própria, mas gastando-a também prodigamente, às mãos largas, no melhoramento de suas Catedrais e na maior magnificência do culto.

Portugal vive então a hora alta do ciclo estonteador das riquezas da Índia. A febre das ostentações e grandezas desce do alto do trono a todos os recantos de Portugal. D. Manuel cerca-se do luxo requintado dum sátrapa oriental, e os seus embaixadores, como Tristão da Cunha toucado de pérolas na Roma de Leão X, deslumbram pelo fausto as côrtes estrangeiras. Os nobres e burgueses ricos de Lisboa, tais quais os viu Clenardo, pavoneiam-se vestidos de veludo e seda com seu séquito infindo de serviçais e criados. As casas forram-se de razes e guadameis, adornam-se de mobiliário rico de pau santo e brazil.

Portugal é aquêle mundo novo que Garcia de Rezende já retrata nas quintilhas da sua Miscelânea:

Lisboa vimos crescer
em povos e em grandeza
e muito se enobrecer
em edifícios, riqueza,
em armas, e em poder.

Gastos mui demasiados
vemos nas donas casadas,
em joias, prata, lavrados
perfumes e defiados,
Tapeçarias dobradas,
as conservas, o comer,
vestidos, donzelas ter,
as camas e os estrados;
vimos por vinte cruzados
luvas de coiro vender
(V).

Desta atmosfera de grandeza e luxo não se alheiam os bispos portugueses, empenhados antes, por zelo divino e pressão do ambiente, em rivalizarem no melhor acrescentamento das suas catedrais.

Também para Viseu é êste o período das grandes obras e transformações da Sé.

D. Diogo Qrtiz (1505-1516) reforma, como dissemos, tôda a frontaria, imprimindo-lhe primores de ornamentação e escultura que em sua primitiva feição desconhecera; dentro eleva-lhe as colunas e pilares gigantes e lança-lhe em cima essa magnífica abóbada dos nós, evocadora, em seu simbolismo admirável, da faina maravilhosa dos descobrimentos marítimos (VI).

D. Miguel da Silva (1527-1547), o grande D. Miguel da Silva que ousou enfrentar a omnipotência de D. João III - nobilíssimo de sangue, de letras e virtudes, Cardeal de Roma e íntimo do Papa - enriquece a Sé de alfaias e paramentos, reforma-lhe o corpo da Capela de Música, oferece-lhe essa magnífica jóia de ourivesaria portuguesa que é a Custódia conhecida pelo seu nome, acaba e enobrece a obra do claustro, obtém da munificência régia os restos arruinados do primitivo paço ou alcácer real, permitindo assim aos seus sucessores o arranjo da parte sul da Sé (VII).


NOTAS

(I) Crónica da Tomada de Ceuta - Capitullo x x i i j - pag. 72 edição da Acad de Sciencias de Li.boa - de 1915.

(II) História de Portugal - Edição Monumental de Barcelos - Vol. II pág. 616. O ilustre Prof. e homem de arte refere-se apenas à cornija dos absidíolos. É porém manifesto que a cachorrada é a mesma e igual em todo o remate das paredes do templo. Também se nos afigura menos exacta a ideia da estilização duma prôa, (galba em forma de proa - diz o ilustre Professor) que o referido escritor viu nos modilhões referidos. Seja porém como fôr, cumpre aceitar a afirmação de inspiração gótica feita por autor de tão consagrada lição.

(III) Diálogos Morais – Diálogo V – Cap. 5.

(IV) Lucena e Vale - D. Diogo Ortiz de Vilhegas - o cosmógrafo de D. João II – pág 158.

(V) Crónica de D. João II - Miscellania.

(VI) Botelho Pereira -ob. cit. – Diálogo V – cap. 5; Pe. Leonardo de Sousa - ob. cit. Vol. II pág. 311 e seguintes.

A obra da abóbada foi consagrada na seguinte legenda que, junto das armas deste prelado, encima o fecho do primeiro tramo, sobre o côro alto:

Esta Sé mandou abobadar o mui magnifico Senhor
o Senhor D. Diogo Ortiz bispo que foi desta cidade
e do Conselho dos Reys e se acabou na era do Snr. de 1513


(VII) Leonardo de Souza – pág. 339 - Vol. II.; Botelho Per.ª – ob. cit. - Diálogo V - Cap. 8, que dá notícia do seguinte alvará feito em Évora em 1534 por D. João III:

D. João por graça de Deos etc.
Sou informado que na Praça dessa cidade de Viseu estão humas casas de meos coutos pegadas com a Torre da Sé que se chama de menagem onde está o aljube do Bispo as quaes diz que estão mui damnificadas e por assim estarem na Praça e damnificadas afeão muito a dita Praça e assim ocupão o muro da parede da dita Crasta nova que o dito Bispo agora fez
etc.

Dum outro alvará do mesmo Rei, em que cede as estrebarias, no mesmo lugar da Praça junto às casas já referidas, encontra-se eco no Livro dos Acordos de 1534, no prelo, que descobrimos no arquivo velho da Câmara Municipal de Viseu:

E asj iumtos e câmara logo o dito cor leu huu alluara del Rey nosso sõr p q faz uenda ao bpo don miguell da silua da dita cydade das estrybarias dos dos comtos lhe faz mercê do q a ele ptence… etc. – Acta de 3 de desembro de 1534.
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