Imagens de Viseu (12/20)
por F. de Almeida Moreira, 1937
XI - A RUA DIREITA
A RUA DIREITA, por ser directa do extremo Norte do velho burgo ao seu extremo Sul, é a mais extensa e a mais torta de tôdas as ruas da cidade sendo, ao mesmo tempo, a mais pitoresca e concorrida.
Perdeu, naturalmente, muito do seu caracter antigo; mas, ainda assim, é a rua que nos mostra mais exemplares arquitectónicos dos sec. XVI, XVII e XVIII. E aqui cabe dizer que Viseu e Portalegre são, entre as cidades de Portugal, aquelas que conservam maior número de edificações civis dos séc. XVII e XVIII.
Das épocas quinhentista e seiscentista merecem referência especial as casas com os números 73 - singela e elegante, com um escudo de granito liso (picado) -75, 77, 79 e 87, 89, 139, 141, 143 e 213, 217, 204 e 194 (estas duas com janelas geminadas) e 246.
Os dois mais belos palácios do séc. XVIII encontram-se nesta rua: o da família Prime (Teixeira de Carvalho) também conhecido por Casa de Cimo de Vila (1), por estar situada no extremo mais alto da cidade (n.os 9 e 11) e o palácio da família Queiroz (viscondessa de Treixedo) primitivamente dos seus antepassados Almeidas Cardozos Cerqueira de Sousa, (nº 92) junto dum pequeno Largo, em que há uma interessante casa (nº 4) e onde começa a Rua da Senhora da Piedade, (trecho de casas do séc. XVI).
As suas proporções, tanto dum como doutro edifício, tão semelhantes na sua traça que não se caírá em êrro atribuindo-os ao mesmo artista, são duma notável harmonia, ao mesmo tempo que se nota uma grande elegância no desenho das guarnições de granito das janelas e portas principais, rematadas estas pelos respectivos brazões.
Há ainda a notar os edifícios com os n.os 150, 159, 161, 163, 167, 219 e 160, ficando êste à esquina do pequeno Largo, ao fundo do qual se vê um portal brazonado (Silveiras, de Lamêgo) que dá entrada para o vasto pátio da Casa, com suas escadas alpendradas, em que actualmente funciona o Tribunal Militar.
Dignas de referêncÍa são, também, as casas com os n.os 144, tõda em silharia, com seu brazão eclesiástico de granito; 114, com suas portas ogivais e, finalmente, a bela casa apalaçada rematada por uma larga e emoldurada cornija de granito (nº 106).
A par dêstes vastos cenários de arquitectura civil, dos mais notáveis pela sua extensão, do nosso país, o que torna esta rua mais pitoresca é a variedade de lojas, com os mais variados produtos, que a enchem dum extremo ao outro.
Há ainda quem pense em . . . endireitar a Rua Direita. . .
Como se isso fôsse possível! E como se isso fôsse necessário! Perderia, creiam, tôda a sua graça, todo o seu pitoresco.
(1) Junto dêste palácio há uma pequena casa em silharia, muito singela (n.º 13 e 15), mas caracterizadamente do sec. XVI.
XI - A RUA DIREITA
A RUA DIREITA, por ser directa do extremo Norte do velho burgo ao seu extremo Sul, é a mais extensa e a mais torta de tôdas as ruas da cidade sendo, ao mesmo tempo, a mais pitoresca e concorrida.
Perdeu, naturalmente, muito do seu caracter antigo; mas, ainda assim, é a rua que nos mostra mais exemplares arquitectónicos dos sec. XVI, XVII e XVIII. E aqui cabe dizer que Viseu e Portalegre são, entre as cidades de Portugal, aquelas que conservam maior número de edificações civis dos séc. XVII e XVIII.
Das épocas quinhentista e seiscentista merecem referência especial as casas com os números 73 - singela e elegante, com um escudo de granito liso (picado) -75, 77, 79 e 87, 89, 139, 141, 143 e 213, 217, 204 e 194 (estas duas com janelas geminadas) e 246.
Os dois mais belos palácios do séc. XVIII encontram-se nesta rua: o da família Prime (Teixeira de Carvalho) também conhecido por Casa de Cimo de Vila (1), por estar situada no extremo mais alto da cidade (n.os 9 e 11) e o palácio da família Queiroz (viscondessa de Treixedo) primitivamente dos seus antepassados Almeidas Cardozos Cerqueira de Sousa, (nº 92) junto dum pequeno Largo, em que há uma interessante casa (nº 4) e onde começa a Rua da Senhora da Piedade, (trecho de casas do séc. XVI).
As suas proporções, tanto dum como doutro edifício, tão semelhantes na sua traça que não se caírá em êrro atribuindo-os ao mesmo artista, são duma notável harmonia, ao mesmo tempo que se nota uma grande elegância no desenho das guarnições de granito das janelas e portas principais, rematadas estas pelos respectivos brazões.
Há ainda a notar os edifícios com os n.os 150, 159, 161, 163, 167, 219 e 160, ficando êste à esquina do pequeno Largo, ao fundo do qual se vê um portal brazonado (Silveiras, de Lamêgo) que dá entrada para o vasto pátio da Casa, com suas escadas alpendradas, em que actualmente funciona o Tribunal Militar.
Dignas de referêncÍa são, também, as casas com os n.os 144, tõda em silharia, com seu brazão eclesiástico de granito; 114, com suas portas ogivais e, finalmente, a bela casa apalaçada rematada por uma larga e emoldurada cornija de granito (nº 106).
A par dêstes vastos cenários de arquitectura civil, dos mais notáveis pela sua extensão, do nosso país, o que torna esta rua mais pitoresca é a variedade de lojas, com os mais variados produtos, que a enchem dum extremo ao outro.
Há ainda quem pense em . . . endireitar a Rua Direita. . .
Como se isso fôsse possível! E como se isso fôsse necessário! Perderia, creiam, tôda a sua graça, todo o seu pitoresco.
(1) Junto dêste palácio há uma pequena casa em silharia, muito singela (n.º 13 e 15), mas caracterizadamente do sec. XVI.
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