Imagens de Viseu (14/20)
por F. de Almeida Moreira, 1937
XIII - OS CLAUSTROS
Os claustros da Sé ocupam o espaço compreendido entre a sua parede lateral voltada ao Sul e o pano da parte da muralha que liga a tôrre onde hoje está instalado o Arquivo Distrital, com a antiga tôrre do relógio.
Até ao 1º quartel do séc. XVI existiam nêste mesmo lugar os antigos Paços reais e um pequeno largo para onde dava, naturalmente e lògicamente, a porta lateral da primitiva Sé, de estilo românico-ogival, descoberta por nós nos primeiros dias de Maio de 1919, e hoje completamente restaurada.
O eminente bispo e cardial D. Miguel da Silva, pondo o maior interêsse na construção dos claustros, conseguiu de D. João III que lhe cedesse o chão dos antigos Paços, possivelmente arruinados, para no seu lugar edificar os claustros.
E que não lhe foi muito difícil conseguir o seu desejo fàcilmente se avaliará, atendendo não só aos altos merecimentos do ilustre prelado, que governou o bispado de Viseu de 1527 a 1547, mas também ao facto de êle ser afilhado do rei D. Manuel, a expensas de quem estudou e se formou em Roma. Os claustros foram concluídos em 1534. As suas colunas são de ordem jónica e o seu estilo é já da Renascença. Na abóbada, que é de tijôlo, há uma série de brasões de granito, com o leão heráldico dos Silvas, atestando, assim, a autoria dessa elegante obra.
Êstes claustros eram descobertos na sua parte superior, e tanto que o lagêdo que reveste as camadas de tijôlo, e que hoje forma o piso do claustro superior, era levemente inclinado, para facilitar o escoamento das águas. Isto até 1721, porque nessa data - na vacância de 1720 a 1740 - procedeu o cabido às obras de cobertura da catedral com telha (1), fazendo ao mesmo tempo o claustro superior, sendo o telhado dêste a continuação do telhado da Sé. Nesta mesma ocasião se construiu também a galeria coberta, que dos claustros vai até à tôrre do arquivo.
As colunas são de estilo dórico, separadas por uma série de balaústres de granito.
No claustro inferior há alguns nichos adaptados a pequenas capelas.
De tôdas, a mais interessante, pela sua elegante simplicidade e pela beleza do trabalho de escultura do seu altar, é a primeira que se encontra à esquerda, entrando, e que representa o Descimento da Cruz.
Êste baixo relêvo é feito em pedra de Ançã, obra certamente saída dos canteiros de Coimbra, tão notáveis na época da Renascença, e que gloriosamente conservaram a sua tradição até hoje. Está datada de 1567.
Também nêste claustro foi colocado um sarcófago de granito contendo as ossadas de alguns portugueses e espanhóis fusilados em Viseu em 1832.
(1) Devido às obras de reintegrações a que a Direcção dos Monumentos Nacionais anda procedendo na Catedral, já foi retirada esta cobertura de telha.
XIII - OS CLAUSTROS
Os claustros da Sé ocupam o espaço compreendido entre a sua parede lateral voltada ao Sul e o pano da parte da muralha que liga a tôrre onde hoje está instalado o Arquivo Distrital, com a antiga tôrre do relógio.
Até ao 1º quartel do séc. XVI existiam nêste mesmo lugar os antigos Paços reais e um pequeno largo para onde dava, naturalmente e lògicamente, a porta lateral da primitiva Sé, de estilo românico-ogival, descoberta por nós nos primeiros dias de Maio de 1919, e hoje completamente restaurada.
O eminente bispo e cardial D. Miguel da Silva, pondo o maior interêsse na construção dos claustros, conseguiu de D. João III que lhe cedesse o chão dos antigos Paços, possivelmente arruinados, para no seu lugar edificar os claustros.
E que não lhe foi muito difícil conseguir o seu desejo fàcilmente se avaliará, atendendo não só aos altos merecimentos do ilustre prelado, que governou o bispado de Viseu de 1527 a 1547, mas também ao facto de êle ser afilhado do rei D. Manuel, a expensas de quem estudou e se formou em Roma. Os claustros foram concluídos em 1534. As suas colunas são de ordem jónica e o seu estilo é já da Renascença. Na abóbada, que é de tijôlo, há uma série de brasões de granito, com o leão heráldico dos Silvas, atestando, assim, a autoria dessa elegante obra.
Êstes claustros eram descobertos na sua parte superior, e tanto que o lagêdo que reveste as camadas de tijôlo, e que hoje forma o piso do claustro superior, era levemente inclinado, para facilitar o escoamento das águas. Isto até 1721, porque nessa data - na vacância de 1720 a 1740 - procedeu o cabido às obras de cobertura da catedral com telha (1), fazendo ao mesmo tempo o claustro superior, sendo o telhado dêste a continuação do telhado da Sé. Nesta mesma ocasião se construiu também a galeria coberta, que dos claustros vai até à tôrre do arquivo.
As colunas são de estilo dórico, separadas por uma série de balaústres de granito.
No claustro inferior há alguns nichos adaptados a pequenas capelas.
De tôdas, a mais interessante, pela sua elegante simplicidade e pela beleza do trabalho de escultura do seu altar, é a primeira que se encontra à esquerda, entrando, e que representa o Descimento da Cruz.
Êste baixo relêvo é feito em pedra de Ançã, obra certamente saída dos canteiros de Coimbra, tão notáveis na época da Renascença, e que gloriosamente conservaram a sua tradição até hoje. Está datada de 1567.
Também nêste claustro foi colocado um sarcófago de granito contendo as ossadas de alguns portugueses e espanhóis fusilados em Viseu em 1832.
(1) Devido às obras de reintegrações a que a Direcção dos Monumentos Nacionais anda procedendo na Catedral, já foi retirada esta cobertura de telha.
<< Home