sábado, junho 17, 2006

Imagens de Viseu (4/20)

por F. de Almeida Moreira, 1937

III - PORTA DO SOAR OU ARCO DOS MELOS




A PORTA DO SOAR é uma das duas únicas portas que restam das sete que tinha a antiga muralha da cidade, que data do tempo de D. Afonso v de Portugal (1472).

Esta porta é mais conhecida, vulgarmente, pelo nome de Arco dos Melos, por estar contígua à casa do 1.° e único Conde de Santa Eulália - António Augusto de MeIo Castro e Abreu - (1) que tendo-a herdado dos seus antepassados - Melos e Castros de Figueiredo e Abreu - (2) ali viveu durante os meados do século XIX, com seu irmão Manuel, tendo falecido em 1886 sem descendência.

Essa casa, que foi herdada pela família Malafaia, tem magníficas salas com esplêndidos tectos de estilo genuinamente português, em caixotões, e um terraço construido sôbre a antiga muralha, donde se descobre um admirável panorama sôbre a cidade e arredores.

Mas, voltemos à Porta.

Tem exteriormente duas inscrições: uma do tempo de D. Afonso v, atestando ter sido êste rei que mandou cercar a nobre cidade de Viseu, e outra, dos meados do séc. XVII, em latim, em que D. João IV « promete o seu tributo à Imaculada Conceição de Maria, jurando a defeza do pecado original».

As armas de Portugal, de granito e da mesma época desta inscrição, sobrepujam a porta, vendo-se num nicho, ao canto, uma tosca imagem de pedra, representando Santo António.

Na parte interna e num outro nicho, a meio do arco, existe uma imagem de S. Francisco de Borja.
Esta porta, bem como a dos Cavaleiros, junto à rua do Arco, foram classificadas monumentos nacionais por Decreto de 31 de Dezembro de 1915.

(1) Mais tarde, depois de 1900, foi concedido o título de Conde de Santa Eulália ao escultor Aleixo de Queiroz Ribeiro, já falecido, que parentesco algum tinha com os Meios e Castros de Viseu.

(2) Existe no Museu de Grão Vasco uma preciosa peça de faiança, que certamente pertenceu aos ascendentes do Conde de Santa Eulália. É. uma travessa com o brasão dos Figueiredos e Melos, da fábrica do Rato, como indica a sua marca (F. R. T. BJ - fábrica do Rato - Tomás Bruneto - que foi o seu 1.° director. São raríssimas as peças de faiança brazonadas.
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