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segunda-feira, março 31, 2025

"Angelo" - o romance proibido do Pe. Francisco de Moura Secco

1. "Angelo" é o título de um romance publicado em 1864, em Lamego. A trama da obra cresce em 232 páginas e faz do livro um testemunho - talvez um protesto - contra o celibato eclesiástico.

2. O seu autor é o Padre Francisco de Moura Secco, natural daquela cidade, em cujo seminário estudou. Foi pároco, durante toda a vida, da freguesia de Rua - hoje Vila da Rua, do concelho de Moimenta da Beira - e destacou-se na região, de Lamego ao Porto, como pregador ou orador sagrado. Ficou também conhecido como autor de poesias, não publicadas em livro, e como colaborador de vários jornais.

3. O Pe. Francisco tinha 30 anos de idade e 6 de sacerdócio quando o seu romance "Angelo" foi impresso.

4. Não se sabe em que mês de 1864 a obra foi publicada. Mas sabe-se que logo no início de 1865, em 13 de Março, foi incluída pelo Vaticano no seu "Index" dos livros proibidos. E lá esteve por 101 anos, até 14 de Junho de 1966 - quando o papa João Paulo VI aboliu o "Index Librorum Prohibitorum".

5. A proibição da Igreja Católica impediu a existência do livro nas bibliotecas nacionais. Inexistência que se prolongou até hoje, pois não houve reedições depois da abolição do "Index" há 59 anos.

6. Mas da primeira e única edição salvaram-se da destruição pelo menos dois exemplares. Estas preciosidades bibliográficas encontram-se no Brasil, no Rio de Janeiro, protegidas no Real Gabinete Português de Leitura.

7. Até agora "Angelo" era conhecido apenas por uma pequena elite de estudiosos, em cujo restrito meio circulou em fotocópias de fotocópias. Sobre o Pe. Francisco de Moura Secco não havia informação confirmada, reunida e organizada.
A partir deste momento, a obra sai da escuridão onde foi mantida por 101 anos de obscurantismo e 59 de esquecimento e a biografia do autor é iniciada.

7 - Autor e obra revelam-se a todos aqui no "Visoeu" - uma espécie de alfarrabista com mais de um milhar de memórias - ou, se preferirem, um arquivo aberto de textos sagrados para sapientes.
É com enorme satisfação que ofertamos este serviço. Enorme não, maior. Digamos - com um pouco de poesia - que da grandeza do desejo por sabedoria de todos os utilizadores que dele se servem.
Boas leituras!



Nota:
O alerta para a existência de "Angelo" chegou de António Augusto Fernandes, até há poucos anos professor de Literatura Portuguesa na Universidade Católica, Campus de Viseu. É dele, pois, a génese deste trabalho. E para ele aqui fica público agradecimento.
J. M. Duarte Figueiredo